Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Tive a honra de conhecer pessoalmente o Dr. Ulisses
Guimarães no ano de 1983. Governava o Estado do Ceará e o recebi em meu
gabinete no Palácio da Abolição. Tanto ele quanto eu, externamos naquele
momento sentimentos claros e fortes de brasilidade. Por sua vez, em 1984, tive
a oportunidade de me reunir várias vezes com o Dr. Ulisses para conversarmos sobre
a eleição, no Colégio Eleitoral, do então governador de Minas Gerais, Tancredo
Neves. Participavam dos nossos Encontros figuras de destaque do cenário
político nacional, tais como, vice-presidente da República Aureliano Chaves,
governador de São Paulo Franco Montoro, senador Marco Maciel, governador do
Paraná José Richa, dentre outros, além é claro, do governador Tancredo Neves.
Discutíamos a formação da Aliança Democrática (união PMDB com dissidentes do
PDS), com vistas à eleição de Tancredo Neves versus Maluf. Fiz uma boa amizade
com o “Senhor Democracia”. Por outro lado, quando fui eleito Deputado Federal em
1990, fui morar num apartamento no mesmo bloco e quadra onde residia o Deputado
Federal Ulisses Guimarães. Vez por outra, ele me convidava após o jantar para
falarmos, principalmente, sobre política. Eu ficava muito feliz, pois iria
receber informações e observações do maior líder político do Brasil. Articulou
a eleição de Tancredo, foi presidente da Câmara dos deputados, presidente do
PMDB e, notadamente, presidente da Assembleia Nacional Constituinte. Era a
única unanimidade não só da Câmara, mas do Congresso Nacional. Ouvia as
verdadeiras aulas de política do grande mestre. Numa de nossas últimas
reuniões, antes do trágico acidente, ele olhou para mim e disse, como último
conselho, “Governador (assim me chamava),
gostaria de lhe falar duas coisas: a primeira, nunca abandone suas convicções
democráticas, e a segunda, a corrupção é o cupim da República”. Ainda bem que, hoje, o senhor não está sofrendo como
nós. Autoridade do STF, ex-presidente, rasga a Constituição, ataca a Democracia
e, consequentemente, compromete a nossa liberdade. No nosso presidencialismo os
Poderes Constituídos são harmônicos e independentes, não existe
semipresidencialismo, e também o Judiciário não é poder moderador. Brasileiros
unamo-nos em defesa da Democracia e da Constituição. Viva o Brasil!
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 23/11/2021.
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