Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Por uma recente entrevista do Provedor da Santa Casa
da Misericórdia de Fortaleza, meu caro amigo Luiz Marques, resolvi "voltar
à Santa Casa", já objeto de artigo anterior.
Vale recordar que a Santa Casa foi pioneira em
vários setores na Saúde. Nela foi instalado o primeiro Pronto Socorro de
Fortaleza, o primeiro Pavilhão para tratamento de pessoas acometidas de
tuberculose, o primeiro aparelho de Raio X e foi o primeiro Hospital de apoio
ao Curso de Medicina da UFC.
Atualmente, é referência em muitas áreas, como são
exemplos as cirurgias de cabeça e pescoço, dispõe de 430 leitos, sendo 130 no
Hospital São Vicente de Paulo, e deles pelo menos 415 são dedicados ao SUS.
A missão de atender a todos que a procuram,
levam-na, muitas vezes, a receber pacientes de urgência, sem qualquer
pagamento, em vista dos rigorosos trâmites burocráticos do poder público
municipal, pelos quais a vida não pode esperar.
Além disso, enquanto atende a 70% das cirurgias de
média complexidade do SUS, aquelas de menor retorno e, apesar de ser
referência, a regulação municipal tem-lhe destinado número cada vez menor de
cirurgias de alta complexidade.
De outro lado, decisão federal de abril de 2020, que
permitia às Santas Casas receberem por cirurgias agendadas e não realizadas em
razão da pandemia, ao ser reeditada em 2021, por uma redação inadequada,
permitiu que o poder público municipal deixasse de fazer as transferências
automáticas, mergulhando a Santa Casa em novas e desnecessárias dificuldades.
Para coroar, numa realidade que deveria constranger
a todos nós, os recursos arrecadados pela Santa Casa por meio de doações
espontâneas vêm sofrendo forte redução nesses últimos meses, sendo que aquelas
feitas via conta de energia têm média unitária de R$ 4,00.
Portanto, este nosso retorno à Santa Casa da
Misericórdia de Fortaleza, fonte de orgulho de todos nós, é para atiçar nossos
brios, seja do poder público, para definitivamente perceber que burocracia é
diferente de burrocracia, seja de nós cidadãos, para percebermos quanto nós
devemos a essa Instituição, exemplo de amor e respeito ao semelhante.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/11/21. Opinião, p.22.
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