Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Por que os homens têm
tanto medo da emancipação das mulheres?
Misógino
refere-se a um indivíduo que sente aversão, horror, desprezo, preconceito, ódio
ou repulsa às mulheres. Palavra derivada de misoginia, tem sua origem das
palavras gregas “miseó”, que quer significa “ódio”; e “gyné” mulher.
Na
contemporaneidade, apesar de todos os avanços técnico-científicos, muitos
homens continuam com sentimentos machistas e alguns chegam ao assassinato. Os
assassinos em geral são os maridos, amantes, namorados, companheiros, etc.
Tantos, que o assassinato de mulheres recebeu uma designação própria: feminicídio.
Curiosamente, não se usa o termo ‘masculinicídio’….
Nomear o
problema é uma forma de mostrar um cenário grave e permanente: milhares de
mulheres são mortas todos os anos no Brasil. No ano de 2013 foram registrados
13 homicídios femininos por dia. A violência extrema não está no centro do
debate público com a intensidade e profundidade necessárias, diante da
gravidade do problema. Bastaria dizer que taxa de feminicídio no Brasil é a
quinta maior do mundo. Os homens continuam, em sua maioria, criptomachistas
(machista camuflado). Não é questão de riqueza, educação ou modernidade. A
maioria dos machos humanos desde cedo ficam presos na gaiola do machismo
Por mais que
os cegos ou os pós-modernistas insistam, a violência contra as mulheres,
incluindo o assassinato, é parte da persistência do machismo. Um machismo que
não para e assume novas formas. Assim como o camaleão, que leva a cor do lugar
onde está para se integrar às cores do meio ambiente, uma legião de machos
mudou de palavras, táticas e maneiras de se camuflar, mas não mudou de
estratégia, nem de objetivo final: a hegemonia do macho sobre a mulher, como
afirma o polemista Xavier Caño Tamayono em seu artigo “Neomachistas e
Criptomachistas”. (https://www.connuestroperu.com/actualidad/punto-de-vista/12026-neomachistas-y-criptomachistas).
Em resumo,
esses neomachistas ou criptomachistas fazem crer que se adaptam às mudanças,
apenas para garantir que os homens continuem desfrutando de sua posição
dominante sobre as mulheres.O avanço do neoliberalismo na América Latina e sua
concepção minimalista de Estado e de democracia provocaram forte dicotomia
entre Estado e sociedade civil. Nesse contexto, coube às organizações da
sociedade civil assumir as lacunas deixadas pelo Estado no âmbito das políticas
sociais.
O campo de
ação das lutas democratizantes se estende para abranger não só o sistema
político, mas também o futuro do “desenvolvimento” e a erradicação de
desigualdades sociais tais como as de raça e gênero. Agora mesmo na
Grã-Bretanha, com o caso da Duquesa de Sussex, podemos dizer: esse tratamento
comprova o que muitos de nós já sabemos.
Não importa
o quanto você seja bonita, com quem se case, que palácios ocupe, que causas
apoie, o quanto seja fiel ou quanto dinheiro acumule: nesta sociedade, o
racismo sempre a perseguirá. As ideologias da esquerda ou da direita escondem o
racismo e o preconceito contra as mulheres. Um dos exemplos é o fato de o sexo
feminino, apesar de inserido no processo produtivo, com idênticas funções e
competências iguais às dos homens, usufruir níveis de remuneração mais baixos…
E ainda
temos uma ministra, de direita, totalmente pró- mulher e que desconhece os direitos
dos homens. Como neonatologista, tenho a declarar que com o advento da
ultrassonografia sabemos qual será o sexo do embrião/feto antes do nascer. O
sexo não é causa de dúvida. As mães, avós, tias, amigas, já podem comprar com
certeza o enxoval dos recém-nascidos, cor de rosa (feminino) ou azul
(masculino). Sem enganos. Isto é muito importante na sociedade de consumo.
Menos um problema, para todos.
Voltarei
oportunamente ao assunto, não exatamente sobre cores de enxovais de bebês.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES) e da
Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford
(Grã-Bretanha).
Nenhum comentário:
Postar um comentário