quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

VACINAS JÁ PARA AS CRIANÇAS!

Por Robério Dias Leite (*)

Até 29/11/2021, lamentavelmente 558 crianças de 5 a 11 anos morreram de Covid-19 no Brasil, o que representa 7% das mortes nessa faixa etária nesse período e torna essa doença mais letal que as principais causas de morte nesse grupo, inferior apenas às mortes por acidentes de trânsito. Não há como medir o sofrimento dessas crianças e das suas famílias.

Definitivamente, mesmo para as crianças, não é uma "gripezinha", deixa sequelas e pode ser letal. Comparado à Europa e aos Estados Unidos, o número de mortes de crianças por Covid-19 no Brasil é de 4 a 10 vezes superior.

Como se sabe, o vírus irá infectar preferencialmente os indivíduos não vacinados e, por isso, com a nova onda da variante Ômicron, as hospitalizações de crianças cresceram 60% nos Estados Unidos e não há motivos para crer que será diferente por aqui. Agora, está mais claro do que nunca que as vacinas representam a prevenção mais eficaz de mortes e hospitalizações pela Covid-19.

Felizmente, os estudos clínicos da vacina fizer-BioNTech demonstraram eficácia, inclusive com resposta imunológica mais robusta que nos adultos, e também segurança nas crianças entre 5 e 11 anos.

Aproximadamente 8,7 milhões de doses dessa vacina já foram administradas a crianças nessa faixa etária entre novembro e dezembro 2021 nos Estados Unidos. Os efeitos colaterais mais comumente relatados foram leves, como dor no local da injeção, fadiga e dor de cabeça, mais comuns após a segunda dose, confirmando a segurança da vacina na vida real, não somente nos estudos.

Diante desses fatos, como ficaria a consciência de um pai ou de uma mãe, caso o filho morra ou tenha que ser hospitalizado por terem se recusado a protegê-lo com a vacina? Na contramão da ciência e dos fatos, assistimos incrédulos e indignados a um médico, ministro da saúde, semear a dúvida e promover estratégias ardilosas para impedir a proteção da saúde das crianças brasileiras.

Temos pressa, pois uma nova onda da Covid-19 se inicia no Brasil e não podemos perder tempo. E tempo, nesse caso, significa a perda de preciosas vidas.

Trata-se de velar pelo direito à vida e à saúde, uma obrigação dos pais, do poder público e da sociedade em geral, conforme estabelecem a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente. 

(*) Médico. Infectologista pediátrico do Hospital São José de Doenças Infecciosas e professor da Faculdade de Medicina da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/01/2022. Opinião. p.17.

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