Por José Lima de Carvalho Rocha (*)
Faz parte do cotidiano das pessoas comprar produtos
ou contratar serviços. Nas duas situações, são feitas escolhas, e, quando o
produto comprado não atende às suas expectativas ou o serviço diverge do
pretendido, o consumidor devolve o objeto de compra ou faz o rompimento do
contrato.
E se o consumidor deseja resultado ao final da
prestação de serviço, mas não sabe como proceder durante o caminho? À vista
disso, a prestação dos serviços educacionais e os da saúde têm características
bem peculiares. O contratante deseja excelente resultado; no entanto, contrata
o serviço sem conhecer, exatamente, quais são os procedimentos desenvolvidos em
cada etapa. Ele precisa, então, confiar bastante no contratado.
Frequentemente, alunos reivindicam a seus
professores os conteúdos que gostariam de estudar, como gostariam de estudar e,
ainda, como pretendem ser avaliados. Ao final dos ciclos de estudo, são
submetidos a avaliações externas, como o Enem, para os egressos do ensino
médio, e provas de residência ou da OAB para médicos e advogados
respectivamente.
Para que os objetivos finais de formação e instrução
sejam alcançados, o aluno deve cumprir orientações e determinações, as quais
podem não ser bem aceitas, pois muitos deles se sentem clientes, e, como
tais, podem aceitar ou não a prestação de um serviço além de, em muitos
casos, determinar como esse serviço deve ser realizado.
Por definição, aluno é aquele que recebe instrução e
formação de um ou de vários mestres. Indivíduo que já se considera detentor dos
conhecimentos e da formação não necessita de aulas. Ademais, pais e alunos que
desconhecem a distinção entre cliente e estudante têm a grande possibilidade de
entrar em conflito com os estabelecimentos de ensino e, consequentemente, com
seus professores.
Em suma, alunos que já são adultos ou pessoas
responsáveis por estudantes menores de idade precisam escolher os locais de
ensino nos quais possam confiar. Se confiam, necessitam esperar os resultados
do processo educacional.
Gerenciar ambientes de aprendizagem é muito difícil
para os mestres, pois a agressividade dos alunos que se entendem clientes
dificulta atingir satisfatoriamente os objetivos de aprendizagem.
Alunos que tentam ensinar a seus professores durante
as aulas tornam a mediação do espaço de aprendizagem muito confusa. Por
certo, os bons professores gostam sempre de receber sugestões. Os mestres
tentam, cotidianamente, estimular seus alunos para o desenvolvimento da
aprendizagem. É fato que o conflito prejudica a qualidade educacional, enquanto
o diálogo leva ao crescimento de todos os envolventes.
Se eu sei que não sei, preciso de um mestre para a
orientação.
Se eu sei que sei, a humildade se faz necessária.
(*) Médico
e pedagogo. Reitor do Centro Universitário Christus (UniChristus) e diretor do
Colégio Christus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/12/2021. Informe publicitário. p.9.
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