Por Tales de Sá
Cavalcante (*)
A minha experiência em Educação evidencia jovens que
se destacam quer como estudantes, quer como profissionais. É alto o índice de
conhecimento e inteligência nos médicos. Talvez por isso, meu pai, Ari de Sá
Cavalcante,
grande admirador dos detentores de cérebros brilhantes, adorasse um papo-cabeça
que havia sempre no SOS, hospital particular já extinto, que possuía, à época,
os cardeais da Medicina. É que a elevada aprendizagem em algumas conversas nos
dá a sensação de estarmos numa aula.
Uma delas se deu com o grande psiquiatra, psicanalista
e voraz leitor Antônio Miranda. Ao cumprimentá-lo pela aurora de 2022, aprendi
mais uma ao dele ouvir: "Que tal, em vez de 'feliz Ano Novo', você dizer
'faça, ou então construa, um bom ano'?"
São inúmeros os benefícios proporcionados pelos imunizantes
desde 1796, e, a seguir Miranda, sugiro que façamos de 2022 o ano da
vacina contra
a Covid-19.
Imaginemo-nos, em bons tempos, numa decisão entre
Fortaleza e Ceará no Castelão lotado. De repente, surge um indivíduo com uma potente
arma apontada para a torcida, com intenção de atirar indiscriminadamente. Sem
dúvida, a polícia tentaria evitar o assassínio em massa, e a Justiça o
condenaria.
Suponhamos agora que um adulto de boa formação,
sabedor da gravidade da pandemia e da eficácia das vacinas comprovada pelos
cientistas, rejeite-as em si próprio e ainda estimule pessoas a imitá-lo.
Em razão de seu negacionismo, não tem os devidos cuidados e, por não os
ter, talvez contraia a Covid-19. A conviver com outros, poderia passar-lhes uma
doença letal, e estes a transmitiriam aos que, por sua vez, a levariam a mais
gente, e assim sucessivamente.
Guardadas as proporções, será que apenas o 1º
indivíduo por nós imaginado está errado enquanto o 2º não? No momento, terá
alguém o direito de aceitar ou rejeitar a aplicação do imunizante? A meu juízo, só o teria se o
eventual mal atingisse somente a ele, como a má escolha entre duas refeições,
uma com alimentos nocivos e outra saudável ao seu organismo. No caso da vacina
contra o coronavírus, a ação não se dá individualmente, porque objetiva evitar
o contágio em outros.
Segundo a Fiocruz, o SUS ultrapassa 36 mil salas de vacinação e
supera, anualmente, a marca de 300 milhões de doses de imunizantes de 27 tipos.
E há ainda aqueles de cunho especial, aplicados em centros de referência. Por
que então não vacinarmos em massa contra uma enfermidade que já levou à morte
mais de 620 mil brasileiros? Perguntemos aos competentes na área, os médicos e
cientistas.
Negar a ciência significa o absurdo de alterar os
currículos de todas as entidades de ensino, básico e superior, de modo a
suprimir as disciplinas e áreas de estudo ligadas ao conhecimento
científico. É
pela afirmação da ciência, e não por sua negação, que os países se desenvolvem.
Na pandemia, brotaram muitos a considerarem-se
"médicos", embora nunca tenham estudado Medicina. Cristo nos ensinou: "Dai a
César o que é de César." Que a população e os governantes deliberem: Dai
aos médicos e cientistas o que é dos médicos e cientistas.
(*)
Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente
da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/01/22. Opinião, p.17.
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