Por Sofia
Lerche Vieira (*)
Quando a Covid-19 começou a varrer o mundo, em março de 2020, a
humanidade não tinha noção de que a convivência com o vírus seria tão sofrida e
extensa.
O ano de 2022 começou com a chegada de uma terceira
onda que, devido a seu alto poder de propagação, configurou-se como novo
desafio a enfrentar. Identificada na África do Sul, a variante Ômicron surge em um contexto de
exaustão dos profissionais de saúde e de sobrecarga das redes hospitalares,
devido à intensiva demanda e oferta de serviços. O que fazer se os hospitais
voltarem a ter superlotação, motivada sobretudo pela parcela da população não
vacinada?
O processo de vacinação no Brasil sofreu tropeços
iniciais e constantes ameaças por parte de algumas autoridades públicas. A
cultura de vacinação e o Sistema Único de Saúde, contudo, viabilizaram um
percentual razoável de adultos vacinados. Agora, começam a ser vacinadas
crianças de 5 a 11 anos.
A pergunta que merece ser feita é: o que virá
depois? Ao refletir sobre o tema, não deixa de ser tentador lembrar que a
expressão terceira onda foi antes utilizada por Alvin Toffler, autor dos anos oitenta do
século XX, best-seller no campo de previsões sobre o futuro da humanidade.
Reconhecendo a existência de três ondas, o mesmo
associava a primeira à revolução agrícola, a segunda à revolução industrial e a
terceira à era da informação. Nessa terceira onda, o capital essencial da
humanidade seria a mente, a capacidade de inovação e o uso da tecnologia.
Algumas das previsões de Toffler foram confirmadas e
aprofundadas por outros. Um deles foi Manuel Castells, cientista político
espanhol que, na obra A Era da Informação, publicada entre 1996 e 1998, apresenta alguns
argumentos na mesma direção. Embora mais recentemente outros pensadores tenham
se debruçado sobre o tema, grandes dúvidas sobre o futuro do planeta persistem.
Afinal, por que, apesar de tantos avanços, as
economias dominantes mundiais não foram capazes de prever a chegada e o grau de
destruição provocada pela Covid-19? Por que não foi possível deter as
ondas da pandemia? São perguntas que pedem respostas.
(*)
Professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/01/22. Opinião, p.20.
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