Por Nélio
Morais (*)
As arboviroses são
motivo de grande preocupação para a saúde pública em todo o mundo. No contexto
epidemiológico brasileiro, os arbovírus causadores da dengue, chikungunya e
zika são os de maior circulação, produzindo várias epidemias urbanas
já documentadas.
A circulação
concomitante destes vírus produziu mudanças no cenário epidemiológico das
arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, ampliando e tornando
mais complexo os desafios para a vigilância e o controle dessas arboviroses, em
particular, nos grandes centros urbanos.
No período de 2013 a
2019, o Brasil enfrentou o momento mais crítico do cenário epidemiológico da
dengue, quando foram registradas as maiores e mais frequentes epidemias de toda
a série histórica desde a reintrodução em 1986, destacando 2013,
2015, 2016 e 2019 com os piores cenários epidemiológicos do país. Já em
Fortaleza, não foi observado nenhum processo instalado de grandes epidemias
entre 2013 e 2021.
A redução
significativa de casos em Fortaleza foi uma demonstração de intervenções
responsáveis, trilhadas com princípios técnicos e motivadores para o
alcance de uma gestão por resultados.
Atualmente, estamos
com o desafio da reintrodução do sorotipo DENV2, por isso estamos atuando
na Operação Inverno. As atividades, iniciadas em 2021, seguem até
fevereiro de 2022. Nesta iniciativa temos a execução de intervenções especiais
para busca focal todas amparadas pelo Comitê Intersetorial Municipal de
Controle de Arboviroses. Cerca de 50 bairros estão sendo contemplados,
beneficiando aproximadamente 490 mil imóveis, que concentram 70% dos casos
de Dengue na cidade.
No 4° LIRA a de 2021
foi constatado que dos 49.679 imóveis inspecionados, 541
apresentaram focos do mosquito, colocando o município na estratificação de
alerta.
Então, para que
Fortaleza alcance o décimo ano consecutivo sem epidemia de dengue, é
necessário, então, que haja a continuidade da integração entre a gestão da
saúde municipal e a população, pois somente o fortalecimento destas duas
instâncias, cada um fazendo sua parte, é que venceremos essa importante
batalha.
(*) Médico veterinário. Coordenador
da Vigilância em Saúde de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/01/2022. Opinião. p.16.
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