segunda-feira, 14 de março de 2022

O ESTUDO DA ECONOMIA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

O pensamento econômico, ao longo do tempo, apresentou modificações significativas. Escolas como a Mercantilista, a Clássica, a Marxista, a Neoclássica, a Keynesiana, a Liberal, dentre outras, mostraram a importância da Filosofia e da Matemática na formação dos princípios e propostas de cada uma delas. Sem dúvida, em todas as escolas, destacaram-se as bases filosóficas objetivando o entendimento da realidade. Já a Matemática foi utilizada, não em todas, com vistas a investigar relações abstratas e lógicas. Com certeza, o progresso econômico e a conscientização das pessoas motivaram o surgimento de teses na área econômica, abrangendo, também, conceitos de ordem política e social. Cientistas e estudiosos, cada um em sua época, como Adam Smith, Ricardo, Stuart Mill, Marx, Marshall e mais recentemente Keynes, Samuelson e Galbraith desenvolveram teorias fundamentadas em diretrizes filosóficas. Por outro lado, Petty, Quesnay, Walras e Leontief, por exemplo, deram ênfase a conceitos matemáticos nas suas teses do equilíbrio econômico geral. A rigor, a Filosofia é dialética, ou seja, analisada como um processo que pode conduzir a discussões profundas, chegando até mesmo a rupturas. A Matemática, no entanto, por ser uma ciência exata, é lógica, possuindo normas de raciocínio. Tanto a Filosofia como a Matemática são importantes na formação das pessoas responsáveis pela formulação de políticas econômicas. Vale lembrar Amatya Sen, em seu livro Desenvolvimento como Liberdade. Com relação ao Brasil dos últimos anos, a Ciência Econômica está mais próxima da Matemática do que da Filosofia. O que não é bom. As discussões e os debates estão se tomando instrumentos de retórica, não ampliando de forma desejada e adequada o pensamento existente. O pragmatismo, com raras exceções, tomou conta dos centros de estudo e pesquisa nacionais. Talvez o processo de globalização, comandado por oito países ricos, bem como a influência de instituições financeiras internacionais, estejam levando o restante do planeta Terra para uma situação indesejável, na base de centro-periferia. Como disse Celso Furtado: “O debate é saber se o Estado vai sobreviver no País, como suprir seu esvaziamento e que consequências esse processo terá para a sociedade”.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias.25/02/2022.

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