Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
O pensamento econômico, ao longo do tempo,
apresentou modificações significativas. Escolas como a Mercantilista, a
Clássica, a Marxista, a Neoclássica, a Keynesiana, a Liberal, dentre outras,
mostraram a importância da Filosofia e da Matemática na formação dos princípios
e propostas de cada uma delas. Sem dúvida, em todas as escolas, destacaram-se
as bases filosóficas objetivando o entendimento da realidade. Já a Matemática
foi utilizada, não em todas, com vistas a investigar relações abstratas e
lógicas. Com certeza, o progresso econômico e a conscientização das pessoas
motivaram o surgimento de teses na área econômica, abrangendo, também,
conceitos de ordem política e social. Cientistas e estudiosos, cada um em sua
época, como Adam Smith, Ricardo, Stuart Mill, Marx, Marshall e mais
recentemente Keynes, Samuelson e Galbraith desenvolveram teorias fundamentadas
em diretrizes filosóficas. Por outro lado, Petty, Quesnay, Walras e Leontief,
por exemplo, deram ênfase a conceitos matemáticos nas suas teses do equilíbrio
econômico geral. A rigor, a Filosofia é dialética, ou seja, analisada como um
processo que pode conduzir a discussões profundas, chegando até mesmo a
rupturas. A Matemática, no entanto, por ser uma ciência exata, é lógica,
possuindo normas de raciocínio. Tanto a Filosofia como a Matemática são
importantes na formação das pessoas responsáveis pela formulação de políticas
econômicas. Vale lembrar Amatya Sen, em seu livro Desenvolvimento como
Liberdade. Com relação ao Brasil dos últimos anos, a Ciência Econômica está
mais próxima da Matemática do que da Filosofia. O que não é bom. As discussões
e os debates estão se tomando instrumentos de retórica, não ampliando de forma
desejada e adequada o pensamento existente. O pragmatismo, com raras exceções, tomou
conta dos centros de estudo e pesquisa nacionais. Talvez o processo de
globalização, comandado por oito países ricos, bem como a influência de
instituições financeiras internacionais, estejam levando o restante do planeta
Terra para uma situação indesejável, na base de centro-periferia. Como disse
Celso Furtado: “O
debate é saber se o Estado vai sobreviver no País, como suprir seu esvaziamento
e que consequências esse processo terá para a sociedade”.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias.25/02/2022.
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