terça-feira, 15 de março de 2022

ESG, greenwashing e socialwashing

Por Lauro Chaves Neto (*)

O ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês) segue firme e forte na sua crescente mobilização de adeptos. Algumas práticas são rotuladas de ESG, mas, na realidade, não conseguem agregar valor ao negócio e tendem a ser abandonadas ao longo do tempo; já outras possuem um viés ainda mais danoso, ao divulgarem ações que não possuem conexão com a realidade.

Uma empresa que tentasse mostrar, através de propaganda, que faz mais pelo meio ambiente do que aquilo que realmente executa, estaria utilizando-se de uma propaganda enganosa, porém o vocabulário corporativo prefere usar o termo "greenwashing", nesses casos. Já quando são "falsas" informações sobre iniciativas sociais é comum se usar o termo "socialwashing". Vale reforçar que ESG não é um produto ou serviço que a empresa compra de um fornecedor, é uma mudança na cultura organizacional, uma verdadeira transformação no mindset.

Um dos erros que mais se repete no mundo corporativo é divulgar iniciativas sustentáveis que foram planejadas e ainda não colocadas em práticas, ao invés de focar a propaganda nos resultados efetivos de iniciativas exitosas.

O impacto do greenwashing ou do socialwashing extrapola a reputação da organização que o praticou, a ação desvirtua a própria natureza das ações sustentáveis e tende a contaminar a confiança da sociedade em ações ESG. As boas práticas devem continuamente ser validadas, é recomendável que os especialistas em ESG participem da concepção e da aprovação das campanhas, reduzindo o risco de alguma distorção.

Há três ou cinco anos, poucos conheciam algo sobre ESG, o tema avançou nas pautas empresariais e governamentais, embora que de forma ainda superficial. Para o bem ou para o mal, as organizações passaram a se denominar verdes, sustentáveis e com o propósito em questões sociais. O que abriu a oportunidade para o greenwashing e o socialwashing.

Vincular as questões ambientais, sociais e de governança à cadeia de valor da organização é uma estratégia de negócios que irá contribuir para a sustentabilidade da empresa, exatamente o contrário dos resultados do greenwashing e do socialwashing. 

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 10/01/22. Opinião. p.14.

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