Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),
o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do
mundo.
Conforme o levantamento da OMS, 9,3%
dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. E esse levantamento não
inclui o recente aumento dos casos de ansiedades no nosso país, a partir de
março do ano passado, quando a OMS declarou o estado de pandemia.
Pandemia é declarada quando qualquer epidemia de
doença infecciosa contagia a população de uma grande região geográfica, como um
continente ou até mesmo todo o mundo. Em apenas alguns meses a doença se
espalhou pelo mundo de forma exponencial, em parte devido à demora dessa
organização, responsável pela saúde mundial, em decretar o estado de Pandemia.
Neste artigo tratarei apenas de como essa decretação pode atacar e perturbar a
saúde mental.
Precisamos estar cientes do fato de que o
coronavírus pode afetar psicologicamente. Destaco que uma parte dos indivíduos
que sobrevivem à infecção pode apresentar distúrbios do sistema psíquico como
parte da infecção pelo COVID-19. Os estudos mostram que menos da metade dos
pacientes hospitalizados por COVID-19 grave apresentam sinais de ansiedade mais
ou menos intensa. Mas as que a mostram podem vir a ser afetadas por algum ou
vários dos seguintes motivos, que devem ser evitados:
1. Além da tensão causada pela epidemia, aqueles que assistem os
noticiosos oficiais e sociais sofrem um aumento na sua ansiedade ao ver
notícias sobre os danos causados pelo coronavírus. Evite assistir, ler ou ouvir
notícias relacionadas ao tema.
2. Procure informações apenas para se proteger ou para se atualizar, de
tempos em tempos. Ver notícias diariamente ou a todo momento pode provocar
maiores preocupações.
3. Foque também nos fatos provenientes de sites oficiais e jornais com
credibilidade de modo a fugir das “fake news” (notícias falsas).
4. É importante estar bem informado e cuidar da saúde mental para não se
estressar. Evite ler ou ver notícias que causem estresse. É
fundamental saber filtrar as informações recebidas, atentando para a qualidade
e veracidade delas. Fuja também do bombardeio de notícias ruins ou
desfavoráveis o tempo todo.
5. Durante períodos de crise ou quarentena, idosos, principalmente aqueles
com idade mais atacante ou com demência, podem ficar mais agitados, ansiosos, brabos
ou estressados.
6. É, portanto, importante receber apoio emocional através de familiares ou
profissionais. Converse e mantenha contato com as crianças. Se a criança tem
dúvidas sobre o novo coronavírus, esclarecê-las pode aliviar a ansiedade e
manter uma comunicação honesta. Em tempos de crise, crianças observam o
comportamento e emoções dos pais para entender como lidar com seus próprios
sentimentos.
7. Compartilhe fatos positivos. Procure amplificar vozes, imagens e
histórias positivas. Compartilhe a experiência de pessoas que se recuperaram do
novo coronavírus (COVID-19) ou de quem ajudou uma pessoa próxima a se
recuperar.
Então,
nesse cenário, para evitar a ansiedade decorrente de ficar preso na própria
residência, saia de casa (não esquecendo dos cuidados decretados), nem que seja
só para melhorar a ansiedade. Agora, com esta nova guerra das vacinas, as
ansiedades estão aumentando e suas sequelas podem vir a ser mais danosas do que
a pandemia que estamos vivendo. Isso, sem falar nos efeitos da polarização
política entre brasileiros.
Vale
recordar que o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (T.E.P.T.) continua a ser
sentido pelos que estão severamente ansiosos por meses ou mesmo anos após o
evento, contraindo ou não a doença. A psiquê humana age como uma divindade que
representa a personificação da alma.
Pesquisa
realizada pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) nos meses de
maio, junho e julho de 2020 revela um aumento da ansiedade entre brasileiros
durante a pandemia, indicando que 80% da população daquele estado tornou-se
mais ansiosa. Nessa pesquisa foram consultadas 1.996 pessoas maiores de 18 anos
e seus resultados permitem afirmar que neste período de pandemia as pessoas
desenvolveram ou aumentaram – quem já tinha – sintomas de estresse, ansiedade
ou depressão.
Cuidem-se…
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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