Por Virgínia
Assunção (*)
O
anúncio do concurso público para professores das universidades
estaduais do Ceará (Uece, UVA e Urca), feito em fevereiro último, é conquista
histórica dos movimentos docente e estudantil, que pleiteiam há décadas
melhorias para suas instituições.
As universidades
estaduais oferecem dezenas de graduações e pós-graduações em todo o
Ceará, mesmo tendo desfalque de mais de 700 docentes. Isso porque, ao longo do
tempo, o número de cursos aumentou e o de professores efetivos diminuiu. Desta
forma, a maioria dos docentes trabalha mais de 40h por semana dando aulas, fazendo
pesquisas e oferecendo à sociedade serviços gratuitos, desdobrando-se
para compensar a carência.
O
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, firmado na
Constituição Federal, define o papel da universidade brasileira perante a
sociedade e permite que esta tenha acesso, como fruto do trabalho
acadêmico, a serviços de educação, saúde e outros. Isso só é possível com a
chamada Dedicação Exclusiva (DE) do professor.
Contudo,
as universidades estaduais cearenses estão sob ameaça, pois o concurso
anunciado abrirá 693 vagas sem DE, ou seja, sem que o governo garanta condições
para que novos docentes trabalhem, para além das aulas, em pesquisa
e extensão. Esse fato nos causa estarrecimento e revolta.
A
qualidade de uma universidade pública não pode ser reduzida a cálculos
financeiros que comprometam a eficiência de sua estrutura e produção acadêmica. Uece,
UVA e Urca são patrimônio do povo cearense e se consolidam como
centros de formação de profissionais qualificados, de pesquisas de ponta - como
a vacina contra a Covid-19 - e de projetos de extensão.
Por
essa razão, nossa luta é por concurso com DE, pois sua exclusão acentua a precarização
do trabalho, fragilizando as instituições de ensino superior. As
universidades não são apenas passado e presente, são futuro também! E o futuro
delas depende do concurso com DE.
É
hora de reconhecer o valor das estaduais e respeitá-las. Camilo não permitiu
diálogo com os docentes. Esperamos que a governadora Izolda Cela,
também professora da UVA, dialogue.
(*)
Presidente do SindUece. Professora da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/04/22. Opinião, p.18.
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