quinta-feira, 9 de junho de 2022

PRECONCEITO RACIAL

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Em pleno século XXI existem milhares de pessoas morrendo de fome e/ou vivendo em situação de miséria absoluta. O problema hoje parece ser restrito exclusivamente aos descendentes de escravos oriundos da África, mais no Brasil. As estatísticas no nosso país são precárias e confundidas com as camadas de baixa renda e como sempre camuflada(s) e disfarçada(s) ao ponto que alguns dos nossos Sociólogos hipocritamente a declararem de “Escravidão Branda” quando comparada a norte-americana.

Seguindo a atenção global sobre assassinatos de negros americanos pela polícia, disparidades na saúde, protestos e conversas em torno do racismo sistêmico, 76% dos entrevistados concordaram fortemente ou até certo ponto que o racismo da forma sistêmica afeta a saúde mental dos americanos, especialmente as pessoas de cor.

Além disso, 83% dos americanos-negros, 78% dos americanos-latinos ou hispânicos, 77% dos americanos-asiáticos e 74% dos americanos-brancos concordaram com esta afirmação. Em suma referem o racismo sistêmico como algo que afeta fortemente ou de alguma forma sua própria saúde mental

O impacto das desigualdades estruturais na saúde mental da comunidade negra é de longo alcance, e toda a gente como pessoa que têm um papel vital a desempenhar no enfrentamento dessas questões encruadas nas mentes.

Ressalto que, à medida que a comunidade negra continua a sofrer desproporcionalmente com a COVID-19, os efeitos adicionais do racismo e do trauma racial em curso, estão causando um impacto significativo na saúde física e mental destas pessoas com um pouco mais quantidade de melanina na pele.

Repito, e recordo ser melanina a proteína responsável pela pigmentação da pele e dos pelos dos mamíferos e nada mais.

Parafraseando (Sigmund Freud na sua conferência XXVII Terapia Analítica 1916 – 1918):  “o maior preconceito é o provocado pelas pequenas diferenças. Nada pode ser feito contra os males dos preconceitos. Isto os senhores podem constatar novamente, hoje em dia, nos preconceitos que cada nação, estado, local, vilarejo ou grupo que pugna de um para com o outro. A coisa mais sensata a fazer é esperar e deixar tais preconceitos aos efeitos da erosão do Tempo”.

Um dia, as mesmas pessoas começam a pensar acerca das mesmas coisas de uma maneira bem diferente de antes; e a razão por que não pensavam dessa maneira, anteriormente, continua sendo o profundo mistério do inconsciente coletivo.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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