Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Em
dois momentos trouxe a este espaço comentários sobre a nossa Santa Casa da
Misericórdia de Fortaleza, da qual honrosamente faço parte como membro da
Mesa Administrativa.
Nesse
mister, ampliei minha visão sobre as necessidades por que passam hospitais
filantrópicos como a SCMF, apesar dos esforços que essas instituições
despendem em benefício dos verdadeiramente menos aquinhoados.
O pioneirismo da
Santa Casa, fundada em 1861, quando Fortaleza não alcançava os 25 mil
habitantes, mostrou-se e se mostra em inúmeras realizações. No passado, a
implantação do primeiro aparelho de Raio-X e, hoje, ser referência em cirurgias
de cabeça e pescoço são apenas dois pequenos e importantes exemplos.
Mas
a Santa Casa e as demais filantrópicas parece não serem visíveis para os
governantes, de todos os níveis, com as exceções de praxe. Assim, a cada dia o
Provedor empreende árduas lutas para, na maior parte das vezes,
conseguir aprovação e liberação de recursos a que a Instituição tem direito e a
burocracia atravanca.
Recentemente,
vimos manifesto do Sindicato dos Médicos mencionando o fechamento de
dois hospitais públicos pela administração municipal de Fortaleza e
considerando risco iminente para a nossa Santa Casa.
Não
podemos acreditar nisso pelo respeito de que desfruta a Santa Casa em todos os
níveis. Mas temo que a asfixia financeira que vem ocorrendo possa, de
fato, pelo menos reduzir os braços da Irmandade no atendimento ao grande e
crescente número de carentes de todo o Ceará.
Para
alguns procedimentos, os valores recebidos como contrapartida estão muito aquém
de pelo menos cobrirem os custos e ainda são transferidos dentro da malha dos
diversos níveis de governo, provocando atrasos prejudiciais ao
cumprimento dos compromissos com médicos, enfermeiros, servidores, fornecedores
etc.
Por
isso a minha pergunta, que dá título a este artigo-desabafo é: a Santa Casa
precisa de Misericórdia? A minha resposta é de que não deveria precisar da
misericórdia, mas do reconhecimento e respeito por parte de todos,
permitindo que o seu trabalho seja ainda mais eficaz e eficiente.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/08/22. Opinião, p.20.
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