quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A PRESENÇA JUDAICA NO BRASIL

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Idiotismo, que pode ser mais prejudicial do que as moléstias que os idiotas afirmam combater. Todo pensador honesto tem o compromisso ético de manter sua cabeça erguida diante dos ídolos prevalecentes em qualquer época, e não aquiescer, daí estar na moda. Caso necessário, o pensador tem a obrigação de remar contra a maré.

Dois períodos políticos administrativos podem ser destacados para fins didáticos: Período Colonial (1500–1822) e o Período Independente (de 1822 em diante). No primeiro período, sob o domínio português, predominou o cripto-judaísmo, ainda que os judeus coabitassem o território colonizado pelos portugueses desde que os lusitanos se estabeleceram na América.

A eventual contribuição do povo mosaico (seguidores de Moisés) teve influência na formação psicossocial do povo brasileiro e aparece obliterado, esquecido ou apagado, seja pela Inquisição e perseguições das mais diversas claramente demonstradas por nossa História. No segundo período, que corresponde à época nacional e independente de Portugal, a emergência da participação desses elementos na formação do psicossocial nacional ocorre depois da Segunda Guerra Mundial. No entanto, de acordo com pesquisas, é possível que as caravelas de Pedro Álvares Cabral tenham trazido judeus a bordo, que se estabeleceram na nova terra desde o início da sua história.

A maioria deles (gente da nação, marranos, cristão novos, cripto-judeus), navegantes à sua revelia, do mesmo modo como, contra seu livre arbítrio, foram encastoados no cristianismo, uma religião estranha às suas tradições de judeus ibéricos.

Tal afirmação surpreenderá os que pensam que o componente judaico na vida brasileira é recente. O alcance histórico da presença judaica nos primeiros séculos da colonização portuguesa no Brasil é matéria de pesquisas e de extensos estudos sobre a cultura brasileira. Mas agora a mídia, principalmente a denominada social, encontra-se saturada de argumentos Nazistas ou Neonazistas.

Não importa se a favor ou contra.

Tenho certeza de que o Holocausto não é exemplo de coisa legal para ninguém e combater ou fazer a profilaxia dessa tendência é melhor que remediar.

Perdoem pelo clichê: “O ovo da serpente” está sempre atualizado embora pareça adormecido, e está à espreita.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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