terça-feira, 11 de outubro de 2022

FORTALEZA E A REVOLUÇÃO SILENCIOSA NA EDUCAÇÃO

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Na educação, assim como em outras áreas da gestão pública, bons resultados são frutos de escolhas estratégicas de longo prazo. A melhoria substantiva dos indicadores da rede municipal de Fortaleza nos últimos anos começa a despertar atenção de instituições e pesquisadores interessados em boas práticas de gestão educacional. Não por acaso, a capital cearense foi incluída entre os 16 municípios brasileiros que integram estudo qualitativo da pesquisa Municípios Eficazes na Gestão da Aprendizagem, desenvolvida pelo Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais, da Fundação Getúlio Vargas.

Fortaleza integra esse conjunto por ser um dos municípios de maior faixa de população, segundo classificação de cidades do IBGE, com boa evolução em seus indicadores. Se isto não é simples em uma cidade pequena, o que dizer de uma metrópole com cerca de dois milhões e setecentos mil habitantes distribuídos por um território atravessado por profundas desigualdades? Trata-se de empreendimento complexo e desafiante.

A lógica desse percurso envolve continuidade e fatores diversos, alguns dos quais se iniciam em meados dos anos 2000, a exemplo da melhoria da rede física do parque escolar, da organização da secretaria de educação e da realização sistemática de concursos para o magistério. Tais processos têm continuidade na gestão subsequente (2013-2020), a partir de quando várias medidas estratégicas são adotadas, cuja continuidade é assegurada pela atual administração (2021-2024).

O planejamento de longo prazo, iniciado com o Fortaleza 2040, inclui a educação dentre seus eixos prioritários. Além disso, em 2013, o processo de resgate da credibilidade da escola pública é fortalecido, tendo por foco a melhoria da aprendizagem e a valorização do professor, com aprofundamento de medidas como acompanhamento e avaliação permanentes. Difícil sintetizar em poucas palavras esta silenciosa revolução na educação. Em meio a tantos problemas, é possível perceber avanços rumo a um futuro melhor para crianças e jovens. Que rupturas políticas não ameacem este projeto inspirador.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/09/22. Opinião, p.18.

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