Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Pontualmente,
ele é acordado por sua assistente. Ela liga o som e, em seguida, a cafeteira.
Ele comunica-lhe que amanhã haverá reunião de diretoria às 17h e solicita que
sejam tomadas as providências de sempre. Logo após sua saída, a auxiliar
desliga o aparelho de ar-condicionado, fecha e trava a porta e ativa o
aspirador de pó, que inicia a limpeza do piso. Tudo resolvido por uma secretária
virtual, como a Alexa, da Amazon. A geladeira smart cria e envia a lista
de compras em função do estoque. Após acionados os elevadores, o visor aponta
qual deles o levará. Entra no carro, e, ao mesmo tempo em que lê as notícias, o
Tesla se desloca sem motorista. Ao chegar ao trabalho, encontra outra rotina de
automatismos.
Hoje, a
Inteligência Artificial (IA) substitui o ser humano em diagnósticos e
indicações de tratamentos em Medicina, realizados pelo Watson, da IBM. Robôs
atuam em indústrias e cirurgias, e o LipNet faz otimização de leitura
labial. Agora, um supercomputador com os softwares adequados não perde do
campeão de xadrez do planeta.
Estamos
numa Revolução Tecnológica. Não a sentimos porque vivemos no olho do
furacão, ou seja, na área mais calma da tempestade. É essencial o uso da
Internet. O smartphone, como inseparável companheiro, até parece ser parte de
nosso corpo, algo celular.
Tudo isso
indica que seremos quase máquinas? Não, pois pesquisas evidenciam que ter
amizades faz bem à saúde e que a solidão está ligada a um envelhecimento mais
acelerado das células. A socialização nos torna menos propensos a ter
infecções por vírus e inflamações.
A revista
científica americana "Plos One" nos mostrou que uma vida social leva
ao bem-estar. Estudos já revelaram que a boa convivência com amigos, familiares
ou cônjuges está fortemente associada a menores níveis de estresse e
ao bom humor, além de melhorar a saúde cardiovascular e as taxas de
recuperação de doenças.
Torçamos
que ao menos o amor das pessoas jamais seja comutado e permaneça sempre entre
nós. Ou perderemos para as nossas próprias invenções o que, mais do
que tudo, nos distingue das máquinas, a capacidade de amar.
(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias
Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/12/22. Opinião, p.18.
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