sábado, 15 de abril de 2023

ASSISTENTES VIRTUAIS DILIGENTES E BEM-INTENCIONADOS

Por Henrique Soárez (*)

Greg Brockman, presidente da OpenAI, a empresa responsável pelo chatbot mais popular do momento, descreve desta forma o auxílio que os modelos de linguagem de grande escala podem oferecer aos profissionais do conhecimento: "Eles podem não saber exatamente o que você precisa de imediato e, frequentemente, será necessário aprimorar seu treinamento, mas são extremamente dedicados e desejam ajudar."

Demorei um pouco para experimentar a nova ferramenta, mas foi assim que passei o último fim de semana: testando e aprendendo. [Nota breve: recomendo o app Bing mobile para acessar diretamente o GPT-4 como buscador da internet em tempo real; a versão paga do ChatGPT possui conhecimentos atualizados somente até set/21]. Os progressos surpreendentes de hoje são resultados de uma curva exponencial iniciada nos anos 60 e impulsionada por bilhões de dólares em investimentos de capital de risco.

A minha maior surpresa foi descobrir que os modelos se comunicam em qualquer idioma humano - sem alarde, temos um assistente capaz de buscar informações em línguas desconhecidas por mim e fornecer a resposta já traduzida para o idioma da pergunta. Outra constatação impressionante é a habilidade do robô-que-conversa de compreender o que estou perguntando. Tanto o GPT-3.5 quanto o GPT-4 identificaram corretamente o número ausente na sequência "1, 10, 3, 8, ?, 6, 7, 4, 9, 2". Além disso, o modelo demonstra competência em entender e sintetizar conceitos, não apenas palavras. Segundo Ilya Sutskever, os textos que os modelos GPT aprendem a prever são excelentes representações do mundo em que vivemos.

Após alguns dias de uso, fica evidente que temos uma nova ferramenta à disposição. Será necessário praticar até ganharmos destreza, mas o esforço será recompensado com um aumento na produtividade. Por US$ 20/mês, podemos contar com um assistente virtual eficiente e empenhado, ainda que ele às vezes alucine. Além disso, os custos cairão exponencialmente à medida que novos modelos utilizam os modelos de última geração como instrutores. Fica claro o impacto amplificador que a inteligência artificial terá no mundo do trabalho nos próximos anos.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/03/23. Opinião, p.16.

Nenhum comentário:

Postar um comentário