domingo, 23 de abril de 2023

O PREFÁCIO DO LIVRO DO CONSELHEIRO

Em 1993, fui convidado pelo Conselheiro Menezes a escrever o prefácio do seu livro “Discursos imperfeitos e escritos precários ou escritos imperfeitos”. Como era a primeira vez que me desincumbia de tarefa dessa natureza, entreguei uma cópia do texto produzido ao Dr. Haroldo Juaçaba, para que ele, como bom leitor, opinasse.

No dia seguinte, ele me chamou em seu gabinete no Departamento de Cirurgia da UFC, para dizer o que pensava daquele texto de minha lavra:

– Gostei muito, Marcelo! Está bem escrito; porém, achei um pouco esquisito.

– O que, por exemplo, professor?

– Você só tratou do autor da obra, e ainda falou mal do autor, o tempo todo.

– Foi exatamente como ele pediu, Dr. Haroldo. Ele gostaria de se sentir como um general romano sendo apupado pela turba, para ser lembrado de que os heróis estão a serviço de Roma, cujo poder na República estava concentrado no Senado.

– Entendi – acatou o nobre cirurgião. Mas por que você não descreveu uma linha sequer sobre a obra?

– Ele não me deu o livro para ler, professor. E ainda mais que a condição imposta para eu prefaciar sua obra era a de escrever sem ler o teor da mesma.

* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.36-37.

Fonte: SILVA, M.G.C. da. O prefácio do livro do conselheiro. In: SOBRAMES – CEARÁ. A plenos pulmões. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2021. 340p. p. 233.


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