quarta-feira, 5 de abril de 2023

PELO PROTAGONISMO FEMININO NA MEDICINA

Por Daniele Oliveira Barros (*)

Dados divulgados na última quarta-feira, 8, acerca do estudo Demografia Médica, conduzido pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), apontam que, em 2024, o número de mulheres médicas será maior que o de homens pela primeira vez no Brasil. Nós, assim como os homens, somos peças essenciais na profissão, seja em hospitais, clínicas ou consultórios. No entanto, vale lembrar que o empoderamento da mulher - também na medicina - não foi algo simples.

Anos de luta e de empenho foram primordiais para o cenário atual - ainda que não seja o mais ideal. Segundo o estudo, há maior número de profissionais com especialidades em clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia, ortopedia e traumatologia, medicina do trabalho e cardiologia. Hoje, as mulheres possuem uma presença notável em especialidades que antes eram ocupadas majoritariamente por homens, como urologia, ortopedia e cirurgia.

A pesquisa ainda mostra que mesmo com a Medicina sendo ocupada por cada vez mais mulheres, nós ganhamos 36% menos do que os colegas médicos, evidenciando a disparidade salarial - que precisa ser corrigida. Há menos de um mês para o Dia Internacional da Mulher, é preciso que saibamos que a implementação de políticas que estimulem a presença feminina nos cursos de medicina é fundamental. Nem todas que se graduam têm a oportunidade de fazer residência e especialidade de excelência - a mulher tem que se desdobrar.

O crescente número de médicas foi chancelado pelos diversos movimentos do século passado. Ainda assim, pesquisas como essas deixam claro que ainda há mais barreiras ocultas do que já imaginamos e que, muitas vezes, enfrentamos e não sabemos nos posicionar.

Além de exercer a profissão com qualidade, as mulheres têm se destacado no mercado por ter sensibilidade, ser cautelosa e cuidadosa, adjetivos que ficam a favor da Medicina e são reconhecidos pelo mercado. Também é válido destacar que o aumento de mulheres negras é outro indicador positivo que tem sido superado ao longo dos anos. 

(*) Médica. Vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/02/2023. Opinião. p.18.

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