quarta-feira, 5 de abril de 2023

O ENVELHE(SER) NO BRASIL CONTINENTAL

Por Jonas Loiola Gonçalves (*)

O envelhecimento e cuidado ao idoso no Brasil continental são fragilizados pelas desigualdades, principalmente "pós-pandemia". Em aula, um professor universitário, idoso, branco, olhos azuis e sobrevivente da Covid-19, deixou a me perguntar: quantos idosos sem essas características foram afetados pela Covid-19 e não sobreviveram, principalmente os idosos das favelas do Brasil?

Sou um jovem pesquisador, filho de uma mulher idosa agricultora e serei uma pessoa idosa também, pois o biológico e o cronológico é para todos e todas. Em face a uma certa preocupação, reflito sobre pesquisadores que atribuem ao envelhecimento um certo ar de desinteresse e sobre a juventude dos dias atuais que encara a pessoa idosa como uma sobrecarga. Percebo a falta, sobretudo, de sensibilidade, de educação e de amorosidade com os mais sábios, pois a pessoa idosa está no curso da vida, mas o jovem também está.

Isto posto, o cenário de envelhe(ser) nas diversas regiões brasileiras é destoante e escancaram, a meu ver, a complexidade do envelhecimento no PaísAs desigualdades sociais e de acesso à saúde são visíveis nessa população, porém uma sociedade insensível e com propostas incipientes para colaborar com as pessoas idosas.

A população idosa negra, periférica, ribeirinha, rural e LGBTQIAPN está cada vez mais a deriva de problemáticas que impactam negativamente a vida. Além de tudo, a dignidade humana foi corrompida cada dia mais pela ausência de aposentadoria digna, falta das 3 refeições diárias, jovens e famílias insensíveis às suas condições humanas e sociais e principalmente pelo negacionismo e desmonte das políticas públicas dos últimos tempos.

A meu ver, o envelhe(ser) que escrevo aqui é fruto de uma compreensão que temos que ser, fortalecer o SER: ser idoso, ser protagonista, ser digno, ser revolucionário de toda a sociedade, para diminuir desigualdades sociais e por consequência, chegarmos ao envelhecimento ativo e saudável como forma de cuidado. Portanto, o envelhe(ser) no Brasil que seja com afeto e esperança, "esperança do verbo esperançar. Esperançar é se levantar, é ir atrás, é construir, é não desistir!".

(*) Fisioterapeuta. Doutorando em Saúde Coletiva da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/02/2026. Opinião. p.10.

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