Por Alexis Galeno (*)
Há poucos dias
algumas notícias chamaram atenção sobre uma pomada modeladora para cabelos que
vinha causando queimaduras nos olhos e até mesmo cegueira temporária nos
seus usuários. Vi diversos alertas serem emitidos pelas agências reguladoras
para parar a comercialização desse produto e recomendar o não uso dessa
substância. Fiquei instigado pelas manchetes que apresentavam número
expressivos de pessoas que sofreram com queimaduras na córnea após terem
utilizado a pomada, relatos realmente fortes e preocupantes. Entre os sintomas relatados estavam ardência, embaçamento da visão, dificuldade para
abrir os olhos e dores oculares.
Como médico
oftalmologista, confesso ter ficado surpreso com essa ocorrência. Isso porque,
no Brasil, contamos com uma boa legislação sobre o assunto, visto que a Anvisa,
ligada ao Ministério da Saúde, é atuante e responsável pelos registros de
produtos de diversas naturezas, garantindo a eficácia, a saúde e o bem-estar
dos consumidores. No entanto, o que mais chama atenção e é digno disso é uma
cultura da não verificação da procedência dos produtos que utilizamos comumente
em nosso dia a dia.
Creio ser
relevante salientar que deveria fazer parte de nossas rotinas a busca pela
ciência do modo de produção, das substâncias contidas nos produtos, no modo de
uso e em possíveis restrições. Muitas dessas mercadorias contêm especificações
que são úteis aos usuários. Por isso, é preciso realizar consultas e pesquisas.
O próprio site da Anvisa permite a consulta daqueles que são
regularizados e dos proibidos. Além disso, é possível notificar problemas ou
efeitos adversos que possam ter ocorrido.
Ademais, meu
alerta se estende a efeitos nos olhos e na visão. Aqueles que apresentarem os
sintomas citados ou perceberem qualquer outro, busque imediatamente um oftalmologista. Os olhos são muito sensíveis e requerem bastante cuidado. E reafirmo:
não deixe de notificar e denunciar eventos adversos após o uso de produtos. Que
casos como esse não voltem a acontecer, pois os seus resultados podem ser catastróficos, como já sabemos.
(*) Ofalmologista. Presidente da
Sociedade Cearense de Infectologia.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/01/2023. Opinião. p.19.
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