domingo, 14 de maio de 2023

A FORÇA DA VIDA NOVA

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

Neste mês somos chamados a proclamar a certeza, a razão de toda a nossa fé, a ressurreição do Senhor. Ele é a pedra angular e o fundamento de toda nossa ação evangelizadora.

João relata: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo" (Jo 20, 1). No alvorecer do primeiro dia da semana, portanto o Domingo, que para nós se torna santificado, porque no primeiro dia da semana começa uma nova criação.

João não fala de outras mulheres, mas fala de Maria Madalena, aquela que foi libertada pelo Senhor, que fez a experiência do perdão e que depois nunca mais arretou o pé de perto de Jesus. Ela que experimentou o poder misericordioso se fez discípula do Senhor para sempre. Ela vai e encontra o sepulcro vazio. Ela é o exemplo da comunidade, exemplo da Igreja, que muito cedo desperta para encontrar o seu Senhor. É o modelo para todos nós que temos que buscar, percorrer e fazer sempre o caminho. Eu diria que cada ano nós temos que confirmar a nossa fé. Todos os anos somos chamados a fazer a experiência da ressurreição do Senhor.

Maria Madalena vai e avisa os Apóstolos (cf. Jo 20, 2). Todo a pessoa que faz a experiência do Ressuscitado, não deve reter só para si a alegria do encontro com Ele, e sim transbordar como ela fez. É isso que, como Igreja somos exortados, uma vez encontrado Jesus Ressuscitado ir avisar aos irmãos.

O sepulcro vazio é uma experiência feita por Maria Madalena, pelos Apóstolos e que eu e você somos chamados a fazer.

Maria Madalena, e isso é encantador, esperou um pouco mais, ela não teve pressa, e ficou frente ao sepulcro para assimilar a experiência, e porque ela buscou foi agraciada com a presença do Mestre (cf. Jo 20,11-18). Às vezes, nós somos muito apressados e não damos tempo a nós mesmos para que essa experiência do divino transforme as nossas lagrimas em alegria. Portanto, nas nossas dificuldades caminhemos nesse sentido.

Mas, o fato é que o sepulcro vazio mudou a realidade dos Apóstolos. A vida daqueles onze homens foi a experiência do Cristo Vivo. É importante entendermos isso, porque desde a prisão de Jesus, eles tiveram que lidar com o fracasso. Judas Iscariótes traiu e se matou, Pedro negou, só um ficou os outros Apóstolos fugiram e o Mestre tinha morrido de uma forma escandalosa, na cruz ao lado de dois ladrões. Isso para eles era destrutivo, um sentimento de culpa, de derrota, de decepção. Pensemos de forma prática, o líder morreu abandonado nos seus últimos momentos, o que era de se esperar? Que cada um fosse para seu canto, voltasse a seus afazeres, porque tudo tinha acabado.

No Sábado Santo as perspectivas de continuidade daquele pequeno grupo eram mínimas. A multidão já não os acompanhava, alguns discípulos voltaram para suas comunidades. Então, exatamente por isso nós temos que entender que alguma coisa inusitada, grandiosa, séria, significativa aconteceu e deu uma reviravolta na história. Ao invés de desistirem, se reagruparam retomaram suas forças. O que foi isso? Cristo Ressuscitou e soprou sobre eles o Espírito Santo e ganharam força, animo, sentiram a graça do perdão e toda a dimensão de uma vida nova.

Nos coloquemos entre os onze Apóstolos e sintamos essa força renovadora. Busquemos nós também a luz e a vida nova do Ressuscitado!

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 23/04/2023. Opinião. p.18.

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