Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Neste mês somos chamados a proclamar a certeza, a razão de toda
a nossa fé, a ressurreição do Senhor. Ele é a pedra angular e o fundamento
de toda nossa ação evangelizadora.
João relata: "No primeiro dia da semana, Maria
Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava
escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo" (Jo 20, 1). No
alvorecer do primeiro dia da semana, portanto o Domingo, que para nós se torna
santificado, porque no primeiro dia da semana começa uma nova criação.
João não fala de outras mulheres, mas fala de Maria Madalena,
aquela que foi libertada pelo Senhor, que fez a experiência do perdão e que
depois nunca mais arretou o pé de perto de Jesus. Ela que experimentou o poder
misericordioso se fez discípula do Senhor para sempre. Ela vai e encontra o
sepulcro vazio. Ela é o exemplo da comunidade, exemplo da Igreja, que
muito cedo desperta para encontrar o seu Senhor. É o modelo para todos nós que
temos que buscar, percorrer e fazer sempre o caminho. Eu diria que cada ano nós
temos que confirmar a nossa fé. Todos os anos somos chamados a fazer a
experiência da ressurreição do Senhor.
Maria Madalena vai e avisa os Apóstolos (cf. Jo 20, 2). Todo a
pessoa que faz a experiência do Ressuscitado, não deve reter só para si a
alegria do encontro com Ele, e sim transbordar como ela fez. É isso que, como
Igreja somos exortados, uma vez encontrado Jesus Ressuscitado ir
avisar aos irmãos.
O sepulcro vazio é uma experiência feita por Maria Madalena,
pelos Apóstolos e que eu e você somos chamados a fazer.
Maria Madalena, e isso é encantador, esperou um pouco mais, ela
não teve pressa, e ficou frente ao sepulcro para assimilar a experiência, e
porque ela buscou foi agraciada com a presença do Mestre (cf. Jo 20,11-18). Às
vezes, nós somos muito apressados e não damos tempo a nós mesmos para que essa
experiência do divino transforme as nossas lagrimas em alegria.
Portanto, nas nossas dificuldades caminhemos nesse sentido.
Mas, o fato é que o sepulcro vazio mudou a realidade dos Apóstolos.
A vida daqueles onze homens foi a experiência do Cristo Vivo. É importante
entendermos isso, porque desde a prisão de Jesus, eles tiveram que lidar com o
fracasso. Judas Iscariótes traiu e se matou, Pedro negou, só um ficou
os outros Apóstolos fugiram e o Mestre tinha morrido de uma forma escandalosa,
na cruz ao lado de dois ladrões. Isso para eles era destrutivo, um sentimento
de culpa, de derrota, de decepção. Pensemos de forma prática, o líder morreu
abandonado nos seus últimos momentos, o que era de se esperar? Que cada um
fosse para seu canto, voltasse a seus afazeres, porque tudo tinha acabado.
No Sábado Santo as perspectivas de continuidade
daquele pequeno grupo eram mínimas. A multidão já não os acompanhava, alguns
discípulos voltaram para suas comunidades. Então, exatamente por isso nós temos
que entender que alguma coisa inusitada, grandiosa, séria, significativa
aconteceu e deu uma reviravolta na história. Ao invés de desistirem, se
reagruparam retomaram suas forças. O que foi isso? Cristo Ressuscitou e soprou
sobre eles o Espírito Santo e ganharam força, animo, sentiram a graça do perdão
e toda a dimensão de uma vida nova.
Nos coloquemos entre os onze Apóstolos e sintamos essa
força renovadora. Busquemos nós também a luz e a vida nova do Ressuscitado!
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 23/04/2023.
Opinião. p.18.
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