Por Rafael Maia (*)
Receber diagnóstico de doença de
Parkinson pode ser muito impactante. Ainda não há cura, porém, felizmente,
existem tratamentos eficientes, tanto farmacológicos como não-farmacológicos,
que podem melhorar sobremaneira a qualidade de vida da pessoa com Parkinson.
Dentre essas terapêuticas, está a neurocirurgia.
Existem dois tipos de cirurgia para
tratar a doença de Parkinson: palidotomia e estimulação cerebral profunda (mais
conhecida como DBS, do inglês Deep Brain Stimulation). A primeira técnica
consiste em lesionar a estrutura neuroanatômica Globo Pálido: é um procedimento
irreversível e com indicações que ficaram mais restritas após o advento
da técnica do DBS - essa sim, a alternativa operatória para
tratamento cirúrgico que deve ser vista como preferencial.
A técnica do DBS consiste em implantar
eletrodos intracerebrais conectados a um gerador de pulsos elétricos,
similar a um marcapasso cardíaco (motivo pelo qual pode ser popularmente
chamado de "marcapasso cerebral"), que ficará na altura do peitoral
debaixo da pele. A cirurgia deve ser executada por neurocirurgião com formação
específica, e a pessoa com Parkinson deverá ser submetida, ambulatorialmente, a
diversas sessões de programação do gerador, a fim de encontrar a combinação de
parâmetros que poderá melhor lhe beneficiar. Essas sessões, que devem ser
feitas por médico neurologista ou neurocirurgião, é que permitirão que a
técnica alcance todo potencial.
É muito importante frisar que nem todos
os parkinsonianos terão benefícios com a cirurgia. A boa indicação, a
correta seleção do candidato, é parte inerente ao sucesso do tratamento. Também
é imprescindível que o neurocirurgião esteja sempre disponível, não deixando
nenhuma dúvida sobre o que será feito... por exemplo: quais os sintomas podem
melhorar? Quais são os riscos envolvidos? Quanto tempo dura a cirurgia?
A correta informação é a melhor arma para
pessoas com Parkinson e seus familiares. Conhecer suas alternativas, e ter
plena confiança no que é proposto, é o melhor caminho para cuidar da saúde e
buscar uma melhor qualidade de vida.
(*) Neurocirurgião.
Fonte: Publicado In:
O Povo, de 23/04/2023. Opinião. p. 18.
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