terça-feira, 30 de maio de 2023

NEUROCIRURGIA PARA PARKINSON

Por Rafael Maia (*)

Receber diagnóstico de doença de Parkinson pode ser muito impactante. Ainda não há cura, porém, felizmente, existem tratamentos eficientes, tanto farmacológicos como não-farmacológicos, que podem melhorar sobremaneira a qualidade de vida da pessoa com Parkinson. Dentre essas terapêuticas, está a neurocirurgia.

Existem dois tipos de cirurgia para tratar a doença de Parkinson: palidotomia e estimulação cerebral profunda (mais conhecida como DBS, do inglês Deep Brain Stimulation). A primeira técnica consiste em lesionar a estrutura neuroanatômica Globo Pálido: é um procedimento irreversível e com indicações que ficaram mais restritas após o advento da técnica do DBS - essa sim, a alternativa operatória para tratamento cirúrgico que deve ser vista como preferencial.

A técnica do DBS consiste em implantar eletrodos intracerebrais conectados a um gerador de pulsos elétricos, similar a um marcapasso cardíaco (motivo pelo qual pode ser popularmente chamado de "marcapasso cerebral"), que ficará na altura do peitoral debaixo da pele. A cirurgia deve ser executada por neurocirurgião com formação específica, e a pessoa com Parkinson deverá ser submetida, ambulatorialmente, a diversas sessões de programação do gerador, a fim de encontrar a combinação de parâmetros que poderá melhor lhe beneficiar. Essas sessões, que devem ser feitas por médico neurologista ou neurocirurgião, é que permitirão que a técnica alcance todo potencial.

É muito importante frisar que nem todos os parkinsonianos terão benefícios com a cirurgia. A boa indicação, a correta seleção do candidato, é parte inerente ao sucesso do tratamento. Também é imprescindível que o neurocirurgião esteja sempre disponível, não deixando nenhuma dúvida sobre o que será feito... por exemplo: quais os sintomas podem melhorar? Quais são os riscos envolvidos? Quanto tempo dura a cirurgia?

A correta informação é a melhor arma para pessoas com Parkinson e seus familiares. Conhecer suas alternativas, e ter plena confiança no que é proposto, é o melhor caminho para cuidar da saúde e buscar uma melhor qualidade de vida.

(*) Neurocirurgião.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/04/2023. Opinião. p. 18.

Nenhum comentário:

Postar um comentário