sexta-feira, 9 de junho de 2023

Crônica: “Lindo amar o feio” ... e outros causos

Lindo amar o feio

Ouvi falar que o cabra nasce feio porque, numa existência transata, fez mau uso da beleza. Por isso, se vires alguém no modelo do ex-centroavante do Palmeirinhas Tico Chupa Limão, pode ter certeza: é dívida grande com o Plano Superior. Tico supera Joãozito Diabeisso nos 25 primeiros quesitos em matéria de estropício estético. Nos tempos de atleta, os adversários se assustavam e abriam alas quando, correndo com meio palmo de língua pra fora em busca do gol, disparava o grito de guerra:

- Se frescar, faço careta!!!

Contudo, tudo tem seu lado positivo. A feiúra fez Tico ganhar muito dinheiro. Senão vejamos. Um dia, sabendo que era ladrão perigoso aquele que surrupiava devagarinho tudo de seu armazém de estivas, o velho Honório contrata Tico Chupa Limão, já aposentado das chuteiras, não pra vigiar o pedaço, mas para assustar o meliante depenador dos bens alheios. Operação bem-sucedida, Tico passou a amedrontar marginal a R$ 12,00 o metro quadrado. Enricou horrores.

Pizza? Conversa é essa uma hora dessa!

Saudade do amigo Arievaldo Viana bateu e agora recordo hilária história constante de sua impecável Mala da Cobra: 'Um jantar especial: fava com capim.' "... Um poeta de nome Chico Ivo, gordo que só um paquiderme, sempre que marcava uma cantoria fazia exigências ao dono da casa. Além dalgumas cédulas na bandeja, exigia um jantar digno de seu apetite de esmeril da França. Foi assim na casa de um velho sertanejo apreciador de cantoria.

O anfitrião providenciou um jantar de fava com toucinho, com um tempero à base de nata, além, é claro, da velha e boa farinha de mandioca servindo de base. De quebra, alguns tacos de rapadura Serra-Grande para rebater. Chico Ivo, que não é homem "luxento", esbaldou-se. Comeu a valer. Em dado momento, observou que no pé da parede estava um montículo de capim verde e bem fresco, cortado bem miudinho, que serviria de ração para um borrego enjeitado. Não teve dúvidas, virou-se para a dona da casa e disse:

- Dona, aquilo é verdura? Eu adoro verdura...

- É não, seu Chico, é capim... é a comida do borrego, num sabe?

De nada adiantou a explicação da mulher. Chico Ivo foi lá e pegou uma mancheia de "verdura", jogou por cima do prato de fava, misturou e comeu à vontade. Momentos depois, iniciada a cantoria, fez esta saudação, louvando o manjar que lhe fora oferecido:

"Quero agradecer a janta

Da casa do seu Joaquim,

Eram seis litros de fava

Cinco quilos de toicim

Quatro rapaduras grandes

E um feixe de capim..."

Fala cearense ampliada - nova edição!

Enquanto esteve sob meu domínio... - Enquanto esteve sob os meus cuidados.

Pessoa gibão - Que vive nas costas do outro: parasita, aproveitadora.

Ligerim - Lingerie.

Uma vez na vida, outra na morte! - Aqui e acolá, é hoje e não é amanhã, demoradamente.

Não ôce de jeito nenhum! - Não ouve de jeito e maneira, é môco.

É fogo, viu? - É de lascar! Forma mais incisiva de dizê-lo: "É fogo na roupa!"

Eusébio - Alzheimer.

Pensa que caga mais do que um boi, é? - Tá pensando que é mais (e melhor) que os outros?

Né veneno não! - Calma, experimente o sabor! Engula duma vez não!

Fonte: O POVO, de 19/05/2023. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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