Por Ana Virgínia de Melo Fialho (*)
A pobreza
menstrual ganhou destaque nos últimos anos com os debates sobre a
responsabilidade do Estado em fornecer absorventes para as mulheres carentes,
sendo preciso ser encarada como um problema de saúde pública vivenciado por
milhares de mulheres que desempenham papéis sociais e estão inseridas na
população economicamente ativa do Brasil, mas que não possuem condições
financeiras para custeio de absorventes
higiênicos, revelando as
desigualdades sociais, vulnerabilidades social e econômica enfrentadas.
Desde 2014, a
OMS já reconheceu o direito à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos, e mesmo sendo considerada uma necessidade
humana básica, nem sempre a higiene corporal e a aquisição de produtos de
higiene consegue ser prioridade na busca pela subsistência.
Muitas
mulheres vulneráveis, sem acesso ao básico das condições de saneamento,
impossibilitadas de adquirir materiais de higiene necessários para esse
período, ou vivem em situação de rua, acabam utilizando materiais inadequados
que encontram, como panos, jornais, papéis, papel higiênico e sacos plásticos.
Essas condições precárias favorecem a ocorrência de infecções genitais e urinárias, gerando constrangimento diante de escapes de
sangue menstrual nas roupas, eliminação de odor e até perda de oportunidades de convívio social ou desempenho laboral.
Muitas jovens
deixam de frequentar as escolas e faculdades por não possuírem condições
financeiras para aquisição dos absorventes higiênicos durante o período menstrual, impactando o processo de ensino-aprendizagem. Em algumas instituições,
os próprios alunos criam projetos que contam com doações para que esses
produtos sejam distribuídos, que fiquem disponíveis e de livre acesso.
Proporcionar
acesso, por meio da distribuição dos absorventes higiênicos, é uma estratégia
para prevenir doenças, promover a dignidade e inclusão social, gerando impacto positivo na população feminina, favorecendo o
enfrentamento das vulnerabilidades e incentivando o desenvolvimento das
atividades cotidianas das mulheres em todos seus ciclos de vida.
(*) Professora do Curso de Enfermagem da
Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/05/2023. Opinião. p.18.
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