quinta-feira, 29 de junho de 2023

POBREZA MENSTRUAL, AFINAL O QUE É ISSO?

Por Ana Virgínia de Melo Fialho (*)

A pobreza menstrual ganhou destaque nos últimos anos com os debates sobre a responsabilidade do Estado em fornecer absorventes para as mulheres carentes, sendo preciso ser encarada como um problema de saúde pública vivenciado por milhares de mulheres que desempenham papéis sociais e estão inseridas na população economicamente ativa do Brasil, mas que não possuem condições financeiras para custeio de absorventes higiênicos, revelando as desigualdades sociais, vulnerabilidades social e econômica enfrentadas.

Desde 2014, a OMS já reconheceu o direito à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos, e mesmo sendo considerada uma necessidade humana básica, nem sempre a higiene corporal e a aquisição de produtos de higiene consegue ser prioridade na busca pela subsistência.

Muitas mulheres vulneráveis, sem acesso ao básico das condições de saneamento, impossibilitadas de adquirir materiais de higiene necessários para esse período, ou vivem em situação de rua, acabam utilizando materiais inadequados que encontram, como panos, jornais, papéis, papel higiênico e sacos plásticos. Essas condições precárias favorecem a ocorrência de infecções genitais e urinárias, gerando constrangimento diante de escapes de sangue menstrual nas roupas, eliminação de odor e até perda de oportunidades de convívio social ou desempenho laboral.

Muitas jovens deixam de frequentar as escolas e faculdades por não possuírem condições financeiras para aquisição dos absorventes higiênicos durante o período menstrual, impactando o processo de ensino-aprendizagem. Em algumas instituições, os próprios alunos criam projetos que contam com doações para que esses produtos sejam distribuídos, que fiquem disponíveis e de livre acesso.

Proporcionar acesso, por meio da distribuição dos absorventes higiênicos, é uma estratégia para prevenir doenças, promover a dignidade e inclusão social, gerando impacto positivo na população feminina, favorecendo o enfrentamento das vulnerabilidades e incentivando o desenvolvimento das atividades cotidianas das mulheres em todos seus ciclos de vida.

(*) Professora do Curso de Enfermagem da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/05/2023. Opinião. p.18.

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