Por Juvenal Linhares (*)
A primeira
bebê de proveta (FIV) do Brasil e da América Latina completa 39 anos em 2023. A
paraense Anna Paula Caldeira nasceu em São José dos Pinhais, no ano de 1984,
seis anos depois do primeiro bebê de proveta do mundo, a inglesa Louise Brown. Esses nascimentos foram um marco
para a medicina.
Desde o
primeiro nascimento por FIV no mundo, estima-se que mais de 10 milhões de bebês
nasceram graças à técnica. Outras contribuições da reprodução assistida (RA) são novos modelos familiares, como a família monoparental, a
família de casais homoafetivos e a preservação da fertilidade em famílias que
adiam a gestação por causa da carreira profissional ou por doenças como o
câncer.
As técnicas de
RA são divididas em baixa e alta complexidades: as de baixa são coito
programado, inseminação
artificial e a
inseminação intrauterina e as de alta complexidade, a injeção
intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) e a fertilização in vitro - FIV
("bebê de proveta").
Em outubro de
1999, nasceu o primeiro bebê por FIV do Ceará. Após mais de 20 anos desse
feito, as técnicas de alta complexidade no nosso Estado, assim como no Brasil,
foram privilégios dos grandes centros e capitais do País, sem falar na
ineficiência do SUS, em ajudar, de forma significativa, esse público.
O alto custo
de deslocamento para os grandes centros fez com que casais inférteis e pessoas
solteiras que sonham em ter filhos (as), não tivessem condições de acesso. Isso causou diversas repercussões psíquicas sobre a elaboração do luto
decorrente da condição de infertilidade, vividas em segredo.
O sonho, até
então utópico, de trazer a RA de alta complexidade (FIV) para o interior do
Ceará (na cidade de Sobral), tornou-se realidade em julho de 2022. Em menos de
seis meses, a Fertiliza já foi capaz de ajudar a gerar a primeira gravidez por FIV fora da capital, com previsão de nascimento do primeiro
bebê para setembro deste ano.
Ainda hoje, estados
como Acre, Amapá, Alagoas, Rondônia e Roraima não possuem centros de RA,
mostrando a vanguarda desse passo dado no interior do Estado, trazendo esperança e acesso a um dos pilares mais importantes da saúde reprodutiva.
(*) Ginecologista e sócio da Clínica Fertiliza
Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/05/2023. Opinião. p. 22.
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