Por Lauro Chaves Neto (*)
A
complementariedade da economia e da criatividade, com pesquisas,
aplicações e, sobretudo, com a sua apropriação pela sociedade, deu origem ao
que hoje conhecemos como economia criativa.
É relevante
lembrar que existe uma confusão terminológica, não só com as suas
conceituações como também com as suas aplicações, de termos como economia
criativa, cidades criativas, cidades inteligentes, indústrias criativas e
economia da cultura.
Se a cultura é
tudo que pode ser aprendido e partilhado por pessoas ou grupos com uma
identidade, a economia estuda os processos de geração, acumulação, consumo e
distribuição. A cultura gera renda, direta e indireta, contribui para o
desenvolvimento sustentável de um território, gerando impactos tangíveis e
intangíveis.
A bibliografia
ensina que a cultura da economia aborda a influência dos hábitos e
dos valores culturais de uma sociedade nas suas relações econômicas. Assim, a
cultura tanto pode alavancar como criar resistências para um "modelo de
desenvolvimento". Já a economia da cultura aborda a utilização da lógica
econômica na cultura, desde o planejamento, criação, distribuição e apropriação
dos resultados.
Nesse ponto, vale
salientar que a lógica econômica não é normativa, ela está
disponível para ser utilizada pelos agentes em suas políticas públicas e
privadas independentemente de julgamento de valor, etapa fundamental no
processo de validação de cada um dos projetos.
A definição da
Unesco é que a economia da cultura engloba as atividades relacionadas "à
criação, produção e comercialização de conteúdos que são intangíveis e
culturais em sua natureza e que são protegidos pelo direito autoral,
podendo tomar a forma de bens e serviços. São intensivos em trabalho e
conhecimento, estimulam a criatividade e incentivam a inovação dos processos de
produção e comercialização".
O crescente
desenvolvimento da inteligência artificial em todos os aspectos da vida
pessoal, dos territórios e das organizações, fará com que a economia criativa
cada vez mais seja valorizada como um elemento fundamental para a humanização e
sustentabilidade do desenvolvimento.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 29/5/23. Opinião. p.20.
Nenhum comentário:
Postar um comentário