Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Em 14/05/2023, foi celebrado o Dia das Mães. Segunda-feira (05/06)
será o Dia do Meio Ambiente. Consideremo-lo, portanto, uma data com homenagens
a outra mãe, assim como 22/04, visto que a Organização das Nações Unidas (ONU)
decidiu chamar nosso planeta de "Mãe Terra" e que este
seria o seu dia.
Muitos saem do Brasil e não retornam. Uma pena, principalmente
quando iluminados cérebros nos deixam como pescadores a içar velas à procura de
um porto seguro e promissor. Com fortes raízes em Fortaleza, pratico a
tese do amigo-irmão Edilson Teixeira, para quem "uma viagem tem dois
grandes momentos: a ida e a volta." Em abril, fui a Nova York, a
integrar a dupla de brasileiros com voz num evento da ONU com 193 países a
celebrar o Dia da "Mãe Terra".
De certa feita, um palestrante escusou-se de não falar sempre de
acordo com a projeção do momento e justificou-se: "É que a
conferência foi preparada antes e minha mente não para." O mesmo
aconteceu comigo na ida, a cerca de 11500 metros de altura, quando meus sonhos
aprimoraram a oração já elaborada. No colóquio da ONU, as ideias moveriam
as mulheres e os homens, a Terra e o universo. E, em fantasia, sonhei: "O
que diria um ser extraterrestre ao saber o que os humanos fazem com
sua 'Mãe Terra'?" Talvez indagasse: "Será concebível vocês agredirem
aquela que os deu à luz da vida?"
Ao chamar a Terra de nossa mãe, a ONU a considera genitora dos
gênios da humanidade e de qualquer outro terráqueo, inclusive do que se engana
ao pensar que é mais ou que não é tão importante quanto os demais. Igualmente,
são filhas e filhos da "Mãe Terra" todas as suas belezas naturais e
os históricos sítios apontados como patrimônios da Unesco.
E o que deve fazer quem vê sua mãe ameaçada? Dialogar e promover a
"Harmonia entre os seres humanos e a Natureza". Era este o tema de
nosso colóquio, e, mais uma vez, a concórdia venceu.
Conforme pronunciei ao encerrar minha fala na ONU,
sigamos Shakespeare ao nos ensinar: "Enquanto houver um louco,
um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho,
amor e fantasia, haverá esperança."
(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias
Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/6/23. Opinião, p.16.
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