Por Carlos Enrique Correia (*)
O
engenheiro foi membro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e
fundador da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo.
Morreu, na tarde desta quinta-feira, 20/07/23, o
engenheiro e jornalista Cássio Borges, aos 90 anos. Ele trabalhou no Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e foi membro titular da Academia
Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ). Cássio morreu em virtude de
complicações de uma encefalite.
Cássio teve a sua trajetória marcada por ter escrito livros
técnicos — um deles, intitulado “A face oculta da barragem do
Castanhão”, em que defendia a democratização da água para todos os
cearenses — e por ter fomentado estudos relacionados à hidrologia, com o
objetivo de tracionar o desenvolvimento regional. No livro, o engenheiro também
se posiciona de forma contrária à barragem — no seu ponto de vista, o Vale do
Jaguaribe deveria ter, ao invés de um grande reservatório, de 10 a 12 pequenas
represas, que teriam um custo menor e que atenderiam de maneira mais assertiva
a população da região. Também é de autoria do engenheiro a obra “Dnocs:
Desenvolvimento e Gestão dos Recursos Hídricos no Semiárido Nordestino”.
Além de ser membro do Dnocs, Cássio também
foi diretor-regional e diretor de Hidrologia do órgão. A gestão dele foi
marcada como aquela que mais deixou perímetros irrigados. O seu projeto de
Paraipaba transformou a região em uma espécie de oásis, mesmo diante das
condições precárias antes observadas.
Graduado pela Escola Politécnica de Pernambuco em
1960, Cássio Borges se especializou, em 1965, em recursos hídricos pela Escola
Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro e pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC), também do Rio de Janeiro. Cássio
também foi fundador da Academia Cearense de Engenharia (ACE), de
onde foi membro titular. O engenheiro é pai do jornalista Marcos André Borges.
Ao O POVO, o engenheiro civil Ângelo Guerra,
ex-diretor-geral do Dnocs, sublinha que Cássio Borges foi uma
importante figura para o órgão devido ao seu conhecimento e do seu papel como
expoente da engenharia — ele conta que o conheceu durante uma visita de uma
comitiva americana, em 1988. “Fiquei impressionado, logo de
cara, com o seu conhecimento. Posso afirmar que o Brasil perdeu um dos grandes
engenheiros da área de recursos hídricos e um dos grandes conhecedores do
semiárido nordestino”, afirmou.
O engenheiro civil também sustenta que Cássio sempre
atuou com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, principalmente das
residentes do semiárido nordestino. “Quando assumi o cargo de
diretor-geral do Dnocs, ele [Cássio Borges] disse que confiava em
mim para revitalizar o órgão. Foi por meio do Dnocs que temos
uma região semiárida em desenvolvimento. Cássio Borges faz parte desta
trajetória. Onde ele passava, buscava transmitir o seu conhecimento. Ele era
uma pessoa muito humilde. Foi um grande profissional e um grande homem”, completa Ângelo.
Ao encontro do ex-diretor-geral do Dnocs,o
engenheiro mecânico Jurandir Picanço, consultor de Energia da Federação
das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e membro da Academia
Cearense de Engenharia (ACE), ressalta que Cássio Borges foi um
profissional respeitado pelos seus pares.
“Tivemos uma relação muito
amistosa. Fui um grande admirador do seu trabalho e da sua obra. Tínhamos um
respeito mútuo. Sempre admirei o seu conhecimento e a forma como defendia
pautas importantes. Posso garantir que Cássio Borges foi uma pessoa muito
admirada e querida”, aponta o membro da ACE ao O
POVO.
Legado esportivo
Além de sua atuação no Dnocs e na
escrita de diferentes livros, Cássio Borges também foi presidente do Fortaleza
Esporte Clube em 1979. Em comunicado, o Leão do Pici afirmou que
o engenheiro dedicou anos da sua vida ao clube e foi o responsável por levar a
paixão a toda a sua família.
“Por toda sua trajetória em anos de dedicação e pela
referência profissional que se tornou no ramo da engenharia, o Fortaleza, em
nome do atual Presidente Marcelo Paz, deseja força aos familiares e amigos”.
(*) Jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 21/07/23. Cidades, p.15.
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