Por Sofia Lerche Vieira (*)
Atribui-se a Carlos Drummond de Andrade a frase de
que "escrever é cortar palavras". Não foram poucas as
referências ao laborioso processo da escrita em seus versos, como em "O
lutador", onde afirma: "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto
lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco".
Se esta é uma verdade para poetas, também o é para
professores, pesquisadores, jornalistas, locutores e tantos outros
que têm o ofício da palavra por profissão. Transitar entre diferentes
modalidades de escrita é empreendimento que, não raro, apresenta dificuldades.
Essa tarefa se faz particularmente desafiadora quanto se trata
de traduzir conteúdos complexos em uma linguagem simples e em um
espaço limitado. É o caso dos artigos de 2.000 a 2.400 caracteres, conforme o
lugar do texto na diagramação do jornal. Tais processos implicam em
aprendizagens contínuas que não se se circunscrevem à produção de escritos em
jornal.
Ao receber do O POVO o convite para uma colaboração mensal em
sua página de Opinião não antevia que tal desafio teria longa duração
no tempo. E lá se vão alguns anos. Minha primeira contribuição como articulista
permanente ocorreu em início de 2016, quando manifestei intenção de escrever sobre
educação.
É verdade que a maioria de meus escritos versaram sobre esse tema.
Com mais frequência do que podia, então, vislumbrar, fui levada a emitir
opiniões sobre outros fatos, com ou sem conexão direta com questões
educacionais.
O cotidiano é atravessado por uma incontável quantidade de fatos
que merecem um olhar atento, tanto para destacar elementos de leveza
presentes no dia a dia, como para registrar tristeza ou indignação com
agressões diversas à nossa humanidade.
O jornal comporta a veiculação de informações e emoções que
costumam estar ausentes de outras formas de redação, a exemplo da escrita
acadêmica. A imprensa nesse sentido, é uma tribuna ímpar de expressão.
Em tempos de livre circulação de fake news nas redes sociais, o
jornal permanece como um baluarte da busca de informação fidedigna, capaz dar
lugar à criação original e inspirar.
(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e
consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/07/23. Opinião, p.20.
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