segunda-feira, 21 de agosto de 2023

ESCRITOS EM JORNAL

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Atribui-se a Carlos Drummond de Andrade a frase de que "escrever é cortar palavras". Não foram poucas as referências ao laborioso processo da escrita em seus versos, como em "O lutador", onde afirma: "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco".

Se esta é uma verdade para poetas, também o é para professores, pesquisadores, jornalistas, locutores e tantos outros que têm o ofício da palavra por profissão. Transitar entre diferentes modalidades de escrita é empreendimento que, não raro, apresenta dificuldades.

Essa tarefa se faz particularmente desafiadora quanto se trata de traduzir conteúdos complexos em uma linguagem simples e em um espaço limitado. É o caso dos artigos de 2.000 a 2.400 caracteres, conforme o lugar do texto na diagramação do jornal. Tais processos implicam em aprendizagens contínuas que não se se circunscrevem à produção de escritos em jornal.

Ao receber do O POVO o convite para uma colaboração mensal em sua página de Opinião não antevia que tal desafio teria longa duração no tempo. E lá se vão alguns anos. Minha primeira contribuição como articulista permanente ocorreu em início de 2016, quando manifestei intenção de escrever sobre educação.

É verdade que a maioria de meus escritos versaram sobre esse tema. Com mais frequência do que podia, então, vislumbrar, fui levada a emitir opiniões sobre outros fatos, com ou sem conexão direta com questões educacionais.

O cotidiano é atravessado por uma incontável quantidade de fatos que merecem um olhar atento, tanto para destacar elementos de leveza presentes no dia a dia, como para registrar tristeza ou indignação com agressões diversas à nossa humanidade.

O jornal comporta a veiculação de informações e emoções que costumam estar ausentes de outras formas de redação, a exemplo da escrita acadêmica. A imprensa nesse sentido, é uma tribuna ímpar de expressão.

Em tempos de livre circulação de fake news nas redes sociais, o jornal permanece como um baluarte da busca de informação fidedigna, capaz dar lugar à criação original e inspirar.

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/07/23. Opinião, p.20.

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