segunda-feira, 9 de outubro de 2023

75 ANOS DA CEPAL

Por Lauro Chaves Neto (*)

A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, criada em 1948 pelo Conselho Social da ONU, congregou expoentes do pensamento desenvolvimentista latino-americano. O argentino Raúl Prebish (1901-1986) defendia a industrialização como estratégia de avançar no progresso técnico e na melhoria da qualidade de vida. Já naquela época, Prebish combatia o modelo que colocava a América Latina como produtora e exportadora de matérias-primas e commodities.

O brasileiro Celso Furtado (1920-2004) explicava muito da história econômica brasileira com o modelo centro-periferia sendo uma das causas das desigualdades sociais e territoriais, provocada pela dicotomia entre dois modelos econômicos no Brasil, um setor dinâmico e de alta produtividade voltado às exportações, e outro voltado para o mercado interno com baixo dinamismo e produtividade.

A abordagem da Cepal tem o mérito de procurar estabelecer conexões entre as estruturas produtivas dos países e os resultados distributivos, sendo o seu pensamento dinâmico, seguindo as imensas mudanças das complexas realidades no âmbito global, regional, nacional e local.

Em 2022, a Cepal definiu dez áreas prioritárias de política para a transformação do desenvolvimento: promoção da produtividade, desenvolvimento produtivo, emprego e crescimento inclusivo; redução da desigualdade; universalização da proteção social e melhoramento do Estado de bem-estar; melhoramento da educação e formação profissional; promoção da igualdade de gênero; promoção da sustentabilidade e adaptação e mitigação da mudança climática; transformação digital; gestão das migrações; promoção da integração econômica regional e no mundo; e macroeconomia para o desenvolvimento com o fortalecimento da governança, gestão, coordenação, planejamento, qualidade institucional, diálogo social e participação como objetivo transversal. 

Essas dez áreas passam a ser o foco de atuação, sendo definido o quê e como deve ser feito, com padrões de gestão, governança, planejamento, arranjo institucional, coordenação e monitoramento de indicadores.

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 21/8/23. Opinião. p.20.

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