Por Lauro Chaves Neto (*)
A Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe, criada em 1948 pelo Conselho Social
da ONU, congregou expoentes do pensamento desenvolvimentista latino-americano.
O argentino Raúl Prebish (1901-1986) defendia a industrialização como
estratégia de avançar no progresso técnico e na melhoria da qualidade de vida.
Já naquela época, Prebish combatia o modelo que colocava a América Latina como
produtora e exportadora de matérias-primas e commodities.
O brasileiro
Celso Furtado (1920-2004) explicava muito da história econômica brasileira com
o modelo centro-periferia sendo uma das causas das desigualdades sociais e
territoriais, provocada pela dicotomia entre dois modelos econômicos no Brasil,
um setor dinâmico e de alta produtividade voltado às exportações, e outro
voltado para o mercado interno com baixo dinamismo e produtividade.
A abordagem da
Cepal tem o mérito de procurar estabelecer conexões entre as estruturas
produtivas dos países e os resultados distributivos, sendo o seu pensamento
dinâmico, seguindo as imensas mudanças das complexas realidades no âmbito
global, regional, nacional e local.
Em 2022, a Cepal
definiu dez áreas prioritárias de política para a transformação do
desenvolvimento: promoção da produtividade, desenvolvimento produtivo, emprego
e crescimento inclusivo; redução da desigualdade; universalização da proteção
social e melhoramento do Estado de bem-estar; melhoramento da educação e formação
profissional; promoção da igualdade de gênero; promoção da sustentabilidade e
adaptação e mitigação da mudança climática; transformação digital; gestão das
migrações; promoção da integração econômica regional e no mundo; e
macroeconomia para o desenvolvimento com o fortalecimento da governança,
gestão, coordenação, planejamento, qualidade institucional, diálogo social e
participação como objetivo transversal.
Essas dez áreas
passam a ser o foco de atuação, sendo definido o quê e como deve ser feito, com
padrões de gestão, governança, planejamento, arranjo institucional, coordenação
e monitoramento de indicadores.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 21/8/23. Opinião. p.20.
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