sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Crônica: “Coisas que só cearense faz. E diz! E pensa!” ... e outros causos

Coisas que só cearense faz. E diz! E pensa!

Na prosa boa com Miguel Macedo, cruzando o Centro da Cidade com ele ao guidão dum Jipe, atentou o amigo-irmão pra detalhe que é vero demais: tem coisas que só os “bicho de urêa” das plagas alencarinas são capazes de realizar. Prestenção à relação dessas exclusividades nossas:

- Atravessar a rua na diagonal; cearense não cruza uma passagem sinalizada para pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista (faixa de pedestre);

- Trafegar, de carro, pelo lado esquerdo da pista em ruas, avenidas e até estradas (rodagens) em baixa velocidade e não à direita, considerada faixa lenta;

- Ter verdadeiro abuso de usar sinaleiras (setas) para dobrar à direita, nem à esquerda;

- Dirigir com luz alta em rodovias ou mesmo na cidade, como se só existisse ele no mundo;

- E, por fim, vaiar o Sol.

A estas, acrescentemos essas!

- Quando, em magote, um pede para “escorrer o cipó” (urinar), todos sentem uma insustentável vontade de ir também ao banheiro;

- Se um lascar a vaia daqui, o outro inexoravelmente vaiará dacolá, no mesmo compasso da fulerage;

- A empreendedora investe, na esquina, em loja de açaí e a denomina “Açaí da Prima!” A concorrente, no meio do quarteirão, corre e abre a dela - “Açaqui da Cumade”. Uma terceiro gaiato, mesmo em frente, coloca a sua - “Açacolá da Tia!”;

- Se José só tem um filho, o menino se chama José Menêiz Jr.; a partir do segundo, sim, o sobrenome passa a ser Menezes, “no plural” - é Antônio Menezes;

- No primeiro aninho da criança, canta-se “o Parabém pra você!”; do segundo ano em diante, aí sim, o povo de casa canta, “no plural”, os parabéns.

- Comer tripa de galinha caipira, devidamente virada, em guisado no terreiro;

- Basta um abrir uma bodega no quarto da frente de casa que, dias depois, o quarteirão é uma bodega só.

Outras potocas da gente aqui de nós

Seu João Cruz, 96 anos, cisma de dar uma voltinha no cabaré, achando que é só ter vontade e desabar no rumo de lá. Segredou à filha do desiderato, mas ela foi “cabuetar” à mãe Alzira do intento do pai. A senhora, aos 91, dedinho abanando NÃO!, responde:

- Vai o quê!!! Num mais tá no querer dele não! A vida é assim: hoje é, amanhã babau!

A dita filha ainda tenta negociar com a genitora, "punindo" pelo velho, dar essa oportunidade de ele movimentar-se, rever amigos da mocidade – “se é que ainda tem algum vivo, pai...”

- Tem, filha! O Arimatéa! Interô 94 essa semana! – defende seu João, crente que terá a anuência da esposa, que dispara da cozinha, referindo-se ao Arimatéa mencionado.

- Tenho horror a véi, e ficando!

Aquela do pastor que assaltou a freira no hospital

Jair Moraes chama-nos a atenção, em versos, para episódio ocorrido dia desses no Ceará:

“Dos pecados da igreja / Esse é o mais original / Pastor furtar uma freira / Em corredor de hospital...

Detido, disse que era / Pra conectar com o Alto / Era o bom ladrão de volta / Ungido num santo assalto...

A defesa do coitado / É que o cão lhe atentou / Só queria falar com Deus / Mas a irmãzinha gritou...

'Socorro, prendam o pastor / Ela carece dum sermão / Meu i-phone é zero bala / Agora foi que eu paguei / A primeira prestação...'”

Fonte: O POVO, de 6/10/2023. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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