Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
No Outubro Rosa,
a professora da Universidade de Harvard, Claudia Goldin, recebeu o
Prêmio Nobel de Economia de 2023. Essa conquista foi em reconhecimento ao
conjunto vasto de sua obra, que inclui pesquisas sobre o papel da mulher no
mercado de trabalho, estudos sobre educação e tecnologia e análises desses
temas pelas lentes da história econômica. Até então, apenas duas mulheres
haviam conquistado o Nobel de Economia: a americana Elinor Ostrom (2009) e a
franco-americana Esther Duflo (2019).
Cláudia Goldin
foi, também, a primeira mulher a atingir o título de professora titular na
Faculdade de Economia de Harvard. O trabalho dela tornou-se referência
para qualquer pesquisador que queira compreender questões como a disparidade
salarial entre homens e mulheres, o impacto das novas tecnologias e até mesmo
os efeitos da pílula anticoncepcional.
Os estudos de
Goldin, embasados na economia americana, destacaram que, nos
Estados Unidos, as mulheres com formação universitária ganhavam 8% a menos que
os homens com a mesma formação. No entanto, a diferença salarial se ampliava a
partir da chegada dos filhos, atingindo 27% quando as mulheres chegavam aos 40
anos.
No Brasil,
segundo o estudo "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres
no Brasil - 2ª edição", lançado em 2021 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres, principalmente as pretas ou
pardas, dedicam quase o dobro do tempo dos homens aos cuidados de pessoas
ou afazeres domésticos (21,4 horas contra 11,0 horas).
Outro indicador
que aponta a dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho
é a Taxa de Participação, que tem como objetivo medir a parcela da População em
Idade de Trabalhar (PIT). Em 2019, a taxa de participação das mulheres com 15
anos ou mais de idade foi de 54,5%, em comparação com 73,7% dos homens, uma
diferença de 19,2 pontos percentuais, o que evidencia uma desigualdade
expressiva de gênero.
Recentemente, a
pesquisa da economista direcionou-se para a análise da trajetória das mulheres
universitárias em relação às conquistas profissionais e familiares. Um dos
resultados foi o livro "Journey Across a Century of Women: The Quest for
Career and Family" (Jornada por um século das mulheres: a busca pela
carreira e família), lançado em 2021, que abrange um período de 120 anos e
mostra como as aspirações pessoais e profissionais das mulheres evoluíram ao
longo do tempo. Baseada em um vasto levantamento de dados, a obra levanta
pontos essenciais para o entendimento da desigualdade de gênero no
mercado de trabalho. (https://encurtador.com.br/zBDJ6).
Claudia Gondin
demonstrou na economia o que Cora Coralina relatou na poesia : "O
que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim, terás o que colher".
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte: O Povo, de 19/10/23. Opinião. p.19
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