quarta-feira, 29 de novembro de 2023

PRECATÓRIOS SERÃO OÁSIS PARA INVESTIDOR

Por Ernesto Schlesinger Arrais (*)

O Brasil é um país de investidores conservadores. O levantamento "Raio-X do Investidor", da Anbima, mostra que apenas um em cada três brasileiros investe e, para 40% deles, "segurança" é a característica mais valorizada, enquanto "retorno financeiro" foi a escolha de apenas 20% dos entrevistados.

Hoje, a renda fixa segue recompensando bem os investidores. Com a Selic em 12,75% ao ano, títulos públicos (ativos mais "seguros" do mercado") são um verdadeiro filé mignon até para o mais arrojado dos investidores. A questão é que, daqui para frente, esse filé cada vez mais terá cara (e gosto) de carne de segunda.

Com a Selic em 12,75% ao ano e inflação de 3,16% no último ano, hoje os investidores estão obtendo mais de 10% ao ano de juros acima da inflação, ou seja, não têm muito com que se preocupar. Porém, segundo levantamento do BC, em 2024 o Brasil já terá se despedido das taxas de juros de dois dígitos e, para 2026, a expectativa é de que o indicador esteja em 8,6% ao ano.

No mesmo documento, o mercado projeta inflação de 3,5% em 2026. Se as previsões se confirmarem, o ganho real na renda fixa atrelada à Selic será de 5% em 2026. Em um cenário como esse, quem não tem apetite a risco, mas não quer ver a inflação derreter seu patrimônio, faz o quê?

Segundo o "Raio-X do Investidor", mais da metade das pessoas não tem conhecimento de produtos de investimento. Não sabe, por exemplo, que é possível investir em ativos judiciais, como precatórios, em fundos de investimento que oferecem rentabilidade de até 25% ao ano e baixo risco.

Mas como? Os precatórios são dívidas de processos perdidos pelo governo, que ele é obrigado, pelo judiciário, a pagar. Geralmente, demora muitos anos, mas paga. Os fundos de investimento (que não têm pressa para receber), negociam com desconto os títulos com credores que não querem esperar anos para receber. Esse desconto, ou "deságio", somado à taxa Selic, se transforma em rentabilidade para os cotistas do fundo. O resultado é um ativo previsível como a renda fixa, seguro, mas com rentabilidade superior.

O novo filé mignon que chegou para o jantar.

(*) MBA estre em Gestão Empresarial pela University of New Mexico (USA) e Conselheiro Empresarial pelo IBGC.

Fonte: O Povo, de 31/10/23. Opinião. p.16.

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