Por Lauro Chaves Neto (*)
A economia
solidária ganha espaço em um cenário de transformações estruturais em andamento
no Brasil e no mundo, onde é possível destacar grandes desafios como a redução
das desigualdades, a eliminação da pobreza extrema, a degradação ambiental,
entre outros, que trazem implicitamente oportunidades como a transição
energética, a dinamização das economias locais e a transformação digital.
Muhammad Yunus
lembra, com frequência, que o problema do mundo não é a falta de recursos
produzidos, e sim a desigualdade extrema com um número crescente de excluídos
das condições dignas de vida.
Economicamente
falando, a redução das desigualdades amplia o mercado interno, impulsiona as
redes de pequenos negócios, gera mais trabalho e renda e ainda contribui para o
equilíbrio das contas públicas via aumento da arrecadação.
Os princípios da
economia solidária são de cooperação, solidariedade e autogestão. A
questão da própria sobrevivência é uma das suas maiores motivações em
realidades como a nossa em que predominam as desigualdades extremas.
Assim, o
desenvolvimento da economia solidária possui uma relação de reforço mútuo com o
fundamento do conceito de "desenvolvimento Local", que é aquele que
ocorre em algum território intencionalmente delimitado, podendo ser identificado
como qualquer porção territorial delimitada, a partir de elementos de
identidade elegíveis no seu desenho. Potencializar a universalização de uma
economia circular é outro vetor de sustentabilidade que contribui com a
economia solidária e o desenvolvimento local.
O
"empoderamento" da sociedade civil é fundamental para modificar as
condições que possibilitaram a concentração do conhecimento, do poder e da
riqueza, tendo como consequência a ocorrência de pobreza e da exclusão
social.
Tanto a economia
solidária como o desenvolvimento local ocorrem quando os agentes locais se
reconhecem como sujeitos do seu próprio destino, tornando-se atores sociais
materializando o conceito de protagonismo local. Desta forma, promovê-los de
forma sustentável e inclusiva significa usar o dinamismo e a energia próprios
de cada território e comunidade.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 4/03/24. Opinião. p.22.
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