Por Fernando Adeodato Junior (*)
Foi
com muita consternação que recebi a infausta notícia da passagem do amigo e
ex-companheiro de longa data do O POVO, Alan Neto, para o Reino
Celestial. Convivi com o “Trem Bala” desde 1965, quando ingressamos no Jornal
praticamente juntos, na antiga sede da rua Senador Pompeu. Alan introduziu um
novo modelo de colunismo esportivo, “caçando” a notícia onde ela estivesse e
criando bordões que se sustentaram ao longo de quase seis décadas, como
“rigorosamente verdadeiro”, “passem adiante”, “há algo no ar além dos aviões” e
“quem me disse não mente”.
A morte de Alan deixa
uma lacuna impreenchível neste segmento do jornalismo. Também enveredou na área
política e sua coluna, aos domingos, era uma das mais lidas do O POVO.
Criou um estilo próprio de escrever sobre esportes, mantendo uma identificação
com o torcedor ao falar a sua linguagem, de forma simples e direta, seja no jornal,
no rádio ou na televisão.
Alan era um jornalista
multifacetado, versátil e que sabia exatamente onde “as andorinhas dormiam”. No
início da carreira, fazia questão de marcar presença “em cima do lance”, como,
por exemplo, ao comparecer ao escritório de José Elias Bachá, presidente do
Ceará na época, para ver o ídolo Gildo renovando contrato, ou ao de Otoni
Diniz, do Fortaleza, para testemunhar o não menos famoso Mozart prorrogando seu
vínculo com o Leão.
A
lembrança que guardarei do Alan é de uma pessoa cordial, de fino trato, “amigo
de fé e camarada” de muitas jornadas. Na Redação do O POVO, no
final da noite, me perguntava: “Junior (assim ele me chamava) pode me dar uma
carona hoje?” E eu o levava no meu carro, geralmente falando de assuntos
diversos, extra futebol. Sempre de regime, passava horas a fio na Redação sem
nada comer. Mas não perdia a chance de “filar” uma bolachinha do meu pacote
para enganar a fome.
Querido
amigo, que Deus o tenha e conforte os corações de Ivanilde (esposa), Alana
(filha), Júlia “Xerim” (neta) e demais familiares. Adeus!
(*) Adeodato Junior é jornalista
e foi companheiro de redação de Alan Neto no O POVO
Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/04/24. Edição online.
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