quinta-feira, 18 de abril de 2024

PEDIATRIA, A CIÊNCIA DO HOMEM

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Lembro-me de ser este o título de um livro que muito me impressionou no início de minha carreira de Pediatra, sempre comprometida desde os tempos de estudante com o problema da fome no mundo; nos morros, alagados, mangues e altos da minha cidade natal – Recife – e com a humanização do médico e da nossa responsabilidade.

Sem envolvimento social do profissional de Saúde, a cura fica cada vez mais distante.

Inspirei-me, para pautar minha faina, no médico e pensador Argentino -— Florêncio Escardó (1904-1992) – catedrático de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, um dos primeiros a permitir que o internamento da criança fosse realizado juntamente com a mãe. Criou, para isto, uma escola de assistentes sociais para viabilizar esse projeto.

Separar a criança das mães é uma dupla agressão – dizia.

Conseguiu que muitos colégios da outrora conservadora, orgulhosa e rica sociedade argentina recebesse (em uma mesma sala de aula) rapazes e moças; antes, as mais importantes escolas primárias e secundárias eram exclusivamente masculinas, somente algumas poucas exclusivamente femininas. Jamais entendeu como se podia praticar a Pediatra isoladamente “como se a criança não tivesse família”.

A sua obra bibliográfica é vasta e variada. Foi ótimo letrista de tangos. E de livros não exclusivamente técnicos dedicados à família, às crianças e à humanização do pediatra. Segue abaixo, além deste seu livro que deu o nome a esse artigo, outros também importantes para mim como foi a Pediatria Psicossomática. Abaixo uma relação bibliográfica de autoria desse autor homenagem do escriba.  Dentre as suas obras, destacam-se:

Sexologia de la família. Ed. El Ateneo, Buenos Aires, 1970.

Carta abierta a los pacientes. Emecé Editores, Buenos Aires, 1972.

Para que los padres entiendan a sus hijos (con Lee Salk). Emecé Editores, Buenos Aires, 1973.

Pediatria psicossomática. El Ateneu, Buenos Aires, 1974.

Família y Sexo. Roberto O. Antônio Editor, Buenos Aires, 1976.

Anatomia de la família. El Ateneu, Buenos Aires, 1982.

Esses livros, por certo, jamais ficarão fora de moda. Vencerão a difícil prova do Tempo.

Oxalá meus colegas mais jovens lessem com o mesmo carinho as obras de Florêncio Escardó. Quando um jovem me pede um conselho para o que ler, digo:

Leia os clássicos.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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