Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Lembro-me de ser este o título de um livro que muito me
impressionou no início de minha carreira de Pediatra, sempre comprometida desde
os tempos de estudante com o problema da fome no mundo; nos morros, alagados,
mangues e altos da minha cidade natal – Recife – e com a humanização do médico
e da nossa responsabilidade.
Sem envolvimento social do profissional de Saúde, a cura fica
cada vez mais distante.
Inspirei-me, para pautar minha faina, no médico e pensador Argentino
-— Florêncio Escardó (1904-1992) – catedrático de Pediatria da Faculdade de
Medicina da Universidade de Buenos Aires, um dos primeiros a permitir que o
internamento da criança fosse realizado juntamente com a mãe. Criou, para isto,
uma escola de assistentes sociais para viabilizar esse projeto.
— Separar a criança das
mães é uma dupla agressão – dizia.
Conseguiu que muitos colégios da outrora conservadora, orgulhosa
e rica sociedade argentina recebesse (em uma mesma sala de aula) rapazes e
moças; antes, as mais importantes escolas primárias e secundárias eram
exclusivamente masculinas, somente algumas poucas exclusivamente femininas.
Jamais entendeu como se podia praticar a Pediatra isoladamente “como se a
criança não tivesse família”.
A sua obra bibliográfica é vasta e variada. Foi ótimo letrista
de tangos. E de livros não exclusivamente técnicos dedicados à família, às
crianças e à humanização do pediatra. Segue abaixo, além deste seu livro que
deu o nome a esse artigo, outros também importantes para mim como foi a
Pediatria Psicossomática. Abaixo uma relação bibliográfica de autoria desse
autor homenagem do escriba. Dentre as suas obras, destacam-se:
Sexologia de la família. Ed. El Ateneo, Buenos Aires, 1970.
Carta abierta a los pacientes.
Emecé Editores, Buenos
Aires, 1972.
Para que los padres
entiendan a sus hijos (con Lee Salk). Emecé
Editores, Buenos Aires, 1973.
Pediatria psicossomática. El Ateneu, Buenos Aires, 1974.
Família y Sexo. Roberto O. Antônio Editor, Buenos Aires,
1976.
Anatomia de la família. El Ateneu, Buenos Aires, 1982.
Esses livros, por certo, jamais ficarão fora de moda. Vencerão a
difícil prova do Tempo.
Oxalá meus colegas mais jovens lessem com o mesmo carinho as
obras de Florêncio Escardó. Quando um jovem me pede um conselho para o que ler,
digo:
Leia os clássicos.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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