Há dois anos tentaram aplicar um golpe em um correntista de um
banco público com o relato do uso do cartão bancário dele para compra de quatro
passagens aéreas de Fortaleza para São Paulo, sacando uma quantia da ordem de
quatro mil reais.
Os golpistas tinham informações bancárias privilegiadas, pois
sabiam o nome correto do gerente da conta corrente e usavam o nome real de
outra funcionária do banco como sendo a interlocutora naquele contato inicial
feito à mando do gerente, que estaria impossibilitado de falar com ele por se
encontrar em uma reunião externa.
A insistência do correntista em solicitar falar diretamente com
o seu gerente de relacionamento era prontamente rechaçada pela suposta
funcionária que reiterava o impedimento desse contato e que ela fora
especificamente designada pela gerência para tratar da questão.
Na sequência de chamadas telefônicas, já envolvendo outros
interlocutores da armação, disseram que os estelionatários seriam detidos no
aeroporto de Fortaleza quando do embarque deles, que aconteceria logo mais à
noite e que, para completarem os procedimentos da detenção a ser efetuada pela
polícia, o banco estava encaminhando um funcionário devidamente identificado
para ir ao encontro dele, a fim de recolher o cartão que, por sinal, já fora
bloqueado por considerarem a compra uma transação atípica para os seus padrões
de cliente do banco.
Os golpistas puseram tudo a perder quando cometeram uma ofensa
vernacular. Eles garantiram ao cliente que o banco faria o “ressarciamento” dos
valores sacados e que ele não teria qualquer prejuízo financeiro decorrente da
malévola atuação dos ditos falsários.
Como funcionários de bancos públicos são selecionados em
renhidos concursos, que demandam muitas horas de estudos preparatórios dos seus
concorrentes, a quase vítima desconfiou diante de um erro tão primário
perpetrado pelos golpistas e, de pronto, repeliu as investidas dos espertalhões.
Aliás, o verbo ressarcir e seus vocábulos cognatos fazem parte do linguajar
cotidiano dos que lidam com operações bancárias.
O exemplo acima oferece ao leitor mais uma boa razão para cuidar
bem da última flor do Lácio, inculta e bela, e tão vilipendiada nos tempos
hodiernos.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará
*Publicado In: ACADEMIA CEARENSE DE MÉDICOS ESCRITORES - ACEMES. Revista da ACEMES. Fortaleza: RDS, 2021. Nº 5. 232p. p. 165.
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