segunda-feira, 15 de julho de 2024

Resultados da Cosban para o adensamento da relação Brasil-China

Por José Nelson Bessa Maia (*)

No próximo dia 15 de agosto comemoram-se os 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a República Popular da China. A China é o principal parceiro comercial brasileiro há 15 anos, tendo o comércio bilateral alcançado a marca de US$ 157 bilhões em 2024, um recorde histórico. O Brasil é o país que recebe mais investimentos chineses na América Latina, com 48% do total na região e um estoque acumulado de US$ 71,6 bilhões entre 2007 e 2022.

Neste ano também se celebram os 20 anos de criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (a Cosban), o principal mecanismo de colaboração bilateral para consolidar a parceria estratégica entre ambos os países. O objetivo da Cosban é incentivar o relacionamento, permitindo o diálogo franco e aberto em temas de interesse mútuo. A Cosban realiza reuniões plenárias a cada dois anos co-presididas pelos respectivos vice-presidentes da República. Para dinamizar seu funcionamento existem 11 subcomissões com as atribuições de promover e agilizar os acordos estabelecidos entre Brasil e China e de identificar possíveis novos campos e modalidades de cooperação.

A VII Reunião da Cosban realizou-se em Beijing de 5-6 de junho deste ano, tendo do lado brasileiro a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, com a presença de seis ministros de Estado e outras autoridades federais. Na ocasião, foram firmados oito acordos, além de 11 atos do setor privado em áreas como agricultura, finanças, meio ambiente e mudança do clima, saúde, educação, cultura, espaço exterior, energia, micro e pequenas empresas, desenvolvimento social e rural e ciência, tecnologia e inovação.

Em termos práticos, o Governo brasileiro obteve R$ 24,6 bilhões em financiamentos para projetos diversos, entre os quais o memorando de entendimento (MoU) firmado entre o Ministério da Fazenda e o Banco Asiático de Investimentos e Infraestrutura (AIIB) que garante até R$ 5 bilhões para apoio emergencial ao Rio Grande do Sul. Outros R$ 4 bilhões em crédito serão concedidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No todo, tais recursos deverão apoiar obras de infraestrutura no Brasil, incluindo projetos relacionados à mudança climática e à economia verde.

(*) Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e rx-secretário de Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

Fonte: O Povo, de 17/06/24. Opinião. p.21.

Nenhum comentário:

Postar um comentário