Por José Nelson Bessa Maia (*)
No próximo dia 15
de agosto comemoram-se os 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas
entre o Brasil e a República Popular da China. A China é o principal
parceiro comercial brasileiro há 15 anos, tendo o comércio bilateral
alcançado a marca de US$ 157 bilhões em 2024, um recorde histórico. O Brasil é
o país que recebe mais investimentos chineses na América Latina, com 48% do
total na região e um estoque acumulado de US$ 71,6 bilhões entre 2007 e 2022.
Neste ano também
se celebram os 20 anos de criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de
Concertação e Cooperação (a Cosban), o principal mecanismo de colaboração
bilateral para consolidar a parceria estratégica entre ambos os países. O
objetivo da Cosban é incentivar o relacionamento, permitindo o diálogo
franco e aberto em temas de interesse mútuo. A Cosban realiza reuniões
plenárias a cada dois anos co-presididas pelos respectivos vice-presidentes da
República. Para dinamizar seu funcionamento existem 11 subcomissões com as
atribuições de promover e agilizar os acordos estabelecidos entre Brasil e
China e de identificar possíveis novos campos e modalidades de cooperação.
A VII Reunião da
Cosban realizou-se em Beijing de 5-6 de junho deste ano, tendo do lado
brasileiro a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, com a
presença de seis ministros de Estado e outras autoridades federais. Na ocasião,
foram firmados oito acordos, além de 11 atos do setor privado em áreas como
agricultura, finanças, meio ambiente e mudança do clima, saúde, educação,
cultura, espaço exterior, energia, micro e pequenas empresas, desenvolvimento
social e rural e ciência, tecnologia e inovação.
Em termos
práticos, o Governo brasileiro obteve R$ 24,6 bilhões em financiamentos para
projetos diversos, entre os quais o memorando de entendimento (MoU) firmado
entre o Ministério da Fazenda e o Banco Asiático de Investimentos e
Infraestrutura (AIIB) que garante até R$ 5 bilhões para apoio emergencial ao
Rio Grande do Sul. Outros R$ 4 bilhões em crédito serão concedidos ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No todo, tais recursos
deverão apoiar obras de infraestrutura no Brasil, incluindo projetos
relacionados à mudança climática e à economia verde.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e rx-secretário de
Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países
Lusófonos e China-América Latina.
Fonte: O Povo, de 17/06/24. Opinião. p.21.
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