quinta-feira, 15 de agosto de 2024

QUE PAÍS É ESSE?

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

O progresso nos trouxe benefícios vários; entre outros, o de receber em casa, na telinha, grandes atrizes e astros, com quem antes só "convivíamos" na telona, o que exigia deslocamento, ingresso e não podíamos rever uma cena. Um bom filme em streaming é "Adeus, Lenin!", que mostra o pós-coma de uma habitante e defensora ferrenha da Alemanha socialista. Fora de si, a protagonista não viu as quedas do socialismo e do muro de Berlim. Após um ano, ela acorda e não entende as mudanças.

Surpreso também ficaria um brasileiro pessimista — desses que acham o Brasil muito ruim e os EUA muito bons — se entrasse em coma e soubesse que, durante sua inconsciência, houve o que se segue: após a vitória de um candidato a presidente, os adeptos do perdedor invadiram o Congresso e, com muita destruição, 5 pessoas morreram. Talvez o patrício dissesse: "O Brasil não tem jeito." Mas isso se deu nos EUA.

Um senador e uma ex-governadora disputavam com o favorito a indicação para a candidatura à presidência. Ambos o acusaram fortemente, e depois que o ofendido foi o candidato do partido, e o senador, escolhido para candidato a vice-presidente, "mudaram de ideia", e as ofensas deram lugar aos elogios. O concidadão diria: "O que é isso, Brasil?" Mas o ocorrido foi nos USA. A mídia acusou os políticos de muito mentir, inclusive nas redes sociais, e divulgou que, em discurso, um candidato mentiu 23 vezes. E veio a pergunta: "Que país é esse?" E a resposta foi a mesma: são os EUA e não o Brasil.

Em comício, populares apontaram, num telhado, um possível atirador que, para subir, usou uma escada, porém o despreparado policial subiu nos ombros do colega e, assim que alcançou o teto, se viu na mira do atirador e, para escapar, jogou-se no chão. O sniper disparou, feriu o alvo, cuja segurança é obrigação federal, e atingiu mais 3 pessoas, uma delas mortalmente. Só depois a polícia eliminou o assassino. E surgiu a pergunta: "Brasil, que país tu és?" Mas a falha aconteceu nos USA. E Biden aprendeu com Pelé. Custou, mas soube sair. Perguntemos à maioria dos países: "Que homens públicos são esses?" Espero que a verdade responda. Ameaçada, a democracia agradece.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/07/24. Opinião, p.20.

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