Por Tales de Sá Cavalcante (*)
O progresso nos trouxe benefícios vários; entre outros, o de
receber em casa, na telinha, grandes atrizes e astros, com quem antes só
"convivíamos" na telona, o que exigia deslocamento, ingresso e não
podíamos rever uma cena. Um bom filme em streaming é "Adeus, Lenin!",
que mostra o pós-coma de uma habitante e defensora ferrenha da Alemanha
socialista. Fora de si, a protagonista não viu as quedas do socialismo e
do muro de Berlim. Após um ano, ela acorda e não entende as mudanças.
Surpreso também ficaria um brasileiro pessimista — desses que acham
o Brasil muito ruim e os EUA muito bons — se entrasse em coma e soubesse que,
durante sua inconsciência, houve o que se segue: após a vitória de um candidato
a presidente, os adeptos do perdedor invadiram o Congresso e, com muita destruição,
5 pessoas morreram. Talvez o patrício dissesse: "O Brasil não tem
jeito." Mas isso se deu nos EUA.
Um senador e uma ex-governadora disputavam com o favorito a
indicação para a candidatura à presidência. Ambos o acusaram fortemente, e
depois que o ofendido foi o candidato do partido, e o senador, escolhido para
candidato a vice-presidente, "mudaram de ideia", e as ofensas deram
lugar aos elogios. O concidadão diria: "O que é isso, Brasil?" Mas o
ocorrido foi nos USA. A mídia acusou os políticos de muito mentir, inclusive
nas redes sociais, e divulgou que, em discurso, um candidato mentiu 23
vezes. E veio a pergunta: "Que país é esse?" E a resposta foi a
mesma: são os EUA e não o Brasil.
Em comício, populares apontaram, num telhado, um possível
atirador que, para subir, usou uma escada, porém o despreparado policial
subiu nos ombros do colega e, assim que alcançou o teto, se viu na mira do
atirador e, para escapar, jogou-se no chão. O sniper disparou, feriu o alvo,
cuja segurança é obrigação federal, e atingiu mais 3 pessoas, uma delas
mortalmente. Só depois a polícia eliminou o assassino. E surgiu a pergunta:
"Brasil, que país tu és?" Mas a falha aconteceu nos USA. E Biden
aprendeu com Pelé. Custou, mas soube sair. Perguntemos à maioria dos países:
"Que homens públicos são esses?" Espero que a verdade responda.
Ameaçada, a democracia agradece.
(*) Reitor do FB UNI e
Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Presidente da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/07/24. Opinião, p.20.
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