sexta-feira, 6 de setembro de 2024

TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS: um vislumbre da glória futura

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)

No mês de agosto, a Igreja no Brasil volta seu olhar para as vocações. Somos todos chamados à vocação através do nosso Batismo. Este chamado é um convite para vivermos nossa fé de maneira ativa e transformadora no mundo, cada um à sua maneira, de acordo com o plano divino.

Também neste mês celebramos um evento muito importante da vida de Jesus, a transfiguração. Este episódio que transcende o tempo e o espaço, e ofereceu uma janela para o divino e um vislumbre da glória que estava por vir.

A Transfiguração é descrita nos Evangelhos de Mateus (17,1-9), Marcos (9,2-8) e Lucas (9,28-36). Antes de subir ao monte, Jesus prediz Sua morte e ressurreição, preparando Seus discípulos para o que estava por acontecer. A transfiguração acontece num momento de incerteza e medo, onde os discípulos estão começando a compreender a verdadeira identidade e missão de seu Mestre.

Neste evento, Jesus levou Pedro, Tiago e João ao monte Tabor e revelou Sua glória divina, mostrando que Ele é mais do que um mestre ou profeta, Ele é o Filho amado de Deus.

A presença de Moisés e Elias simboliza a lei e os profetas. Ao conversar com Moisés e Elias, Jesus mostra que Ele é a continuação e o cumprimento da Lei e das profecias do Antigo Testamento. Ele está pronto para estabelecer uma nova aliança, que não anula a antiga, mas a cumpre e a completa.

O brilho deslumbrante de Jesus e a conversa sobre Sua partida iminente prenunciam a paixão e a ressurreição. A transfiguração é um momento de conforto antes da tempestade, uma promessa de que, apesar do sofrimento que está por vir, a redenção é certa.

Pedro, Tiago e João, confrontados com a majestade de Jesus, reagem com temor e admiração. Como sempre, Pedro, agindo por impulso faz a proposta de construir tendas. Além de outros significados o desejo de Pedro reflete o anseio humano de reter o sagrado, de prolongar o encontro com o divino. No entanto, é importante notar que, embora Pedro tenha tido boas intenções, sua sugestão foi prematura. Ele estava certo no significado, mas não no momento. A verdadeira glória de Jesus não seria revelada através da permanência na montanha da Transfiguração, mas sim através do sacrifício e ressurreição de Jesus. A plenitude do Reino de Deus, que Pedro ansiava ao sugerir a construção das tendas, só seria realizada após a crucificação e ressurreição de Jesus, eventos que marcariam a vitória definitiva sobre o pecado e a morte. Portanto, a Transfiguração serve como um vislumbre dessa glória futura, mas também como um lembrete de que o caminho para essa glória passa pela cruz.

A voz do Pai, afirmando a identidade e autoridade de Jesus, é também um chamado à obediência. "Ouvi-o", diz a voz divina, convidando os discípulos e a todos nós a escutar e seguir os ensinamentos de Jesus, que conduzem ao caminho da verdadeira vida.

A transfiguração de Jesus é um farol de esperança. Ela nos assegura que, por mais escura que seja a noite, a luz da manhã está para chegar. Nos momentos de dúvida e desespero, a transfiguração nos indica que a glória de Deus está sempre presente, aguardando para ser plenamente revelada em nossa própria transfiguração espiritual.

Neste mês, quando celebramos as vocações, a Transfiguração do Senhor serve como um lembrete de nossa própria vocação. Somos chamados a ser transformados pela graça de Deus, a agir como profetas e legisladores em nossas vidas, e a testemunhar a gloriosa ressurreição de Jesus. Como Moisés, somos convocados a ser fiéis à lei de Deus e a orientar os outros em seu cumprimento. Como Elias, somos chamados a ser profetas, proclamando a verdade de Deus ao mundo.

Que a Transfiguração de Jesus continue a inspirar e orientar todos aqueles que buscam seguir a Cristo em suas vocações.

(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).

Fonte: O Povo, de 10/08/2024. Opinião. p.18.

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