Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
No mês de agosto, a Igreja no Brasil volta seu olhar para as vocações.
Somos todos chamados à vocação através do nosso Batismo. Este chamado é um
convite para vivermos nossa fé de maneira ativa e transformadora no mundo, cada
um à sua maneira, de acordo com o plano divino.
Também neste mês celebramos um evento muito importante da vida
de Jesus, a transfiguração. Este episódio que transcende o tempo e o
espaço, e ofereceu uma janela para o divino e um vislumbre da glória que estava
por vir.
A Transfiguração é descrita nos Evangelhos de Mateus (17,1-9),
Marcos (9,2-8) e Lucas (9,28-36). Antes de subir ao monte, Jesus prediz Sua morte
e ressurreição, preparando Seus discípulos para o que estava por acontecer.
A transfiguração acontece num momento de incerteza e medo, onde os discípulos
estão começando a compreender a verdadeira identidade e missão de seu Mestre.
Neste evento, Jesus levou Pedro, Tiago e João ao monte Tabor e
revelou Sua glória divina, mostrando que Ele é mais do que um mestre ou
profeta, Ele é o Filho amado de Deus.
A presença de Moisés e Elias simboliza a lei e os profetas.
Ao conversar com Moisés e Elias, Jesus mostra que Ele é a continuação e o
cumprimento da Lei e das profecias do Antigo Testamento. Ele está pronto para
estabelecer uma nova aliança, que não anula a antiga, mas a cumpre e a
completa.
O brilho deslumbrante de Jesus e a conversa sobre Sua partida
iminente prenunciam a paixão e a ressurreição. A transfiguração é um momento de
conforto antes da tempestade, uma promessa de que, apesar do sofrimento que
está por vir, a redenção é certa.
Pedro, Tiago e João, confrontados com a majestade de Jesus,
reagem com temor e admiração. Como sempre, Pedro, agindo por impulso faz a
proposta de construir tendas. Além de outros significados o desejo de Pedro
reflete o anseio humano de reter o sagrado, de prolongar o encontro com o
divino. No entanto, é importante notar que, embora Pedro tenha tido boas
intenções, sua sugestão foi prematura. Ele estava certo no significado, mas não
no momento. A verdadeira glória de Jesus não seria revelada através da
permanência na montanha da Transfiguração, mas sim através do sacrifício e
ressurreição de Jesus. A plenitude do Reino de Deus, que Pedro ansiava ao
sugerir a construção das tendas, só seria realizada após a crucificação e
ressurreição de Jesus, eventos que marcariam a vitória definitiva sobre o
pecado e a morte. Portanto, a Transfiguração serve como um vislumbre dessa
glória futura, mas também como um lembrete de que o caminho para essa glória
passa pela cruz.
A voz do Pai, afirmando a identidade e autoridade de Jesus, é
também um chamado à obediência. "Ouvi-o", diz a voz divina,
convidando os discípulos e a todos nós a escutar e seguir os ensinamentos de
Jesus, que conduzem ao caminho da verdadeira vida.
A transfiguração de Jesus é um farol de esperança. Ela nos
assegura que, por mais escura que seja a noite, a luz da manhã está para
chegar. Nos momentos de dúvida e desespero, a transfiguração nos indica que a glória
de Deus está sempre presente, aguardando para ser plenamente revelada em
nossa própria transfiguração espiritual.
Neste mês, quando celebramos as vocações, a Transfiguração do
Senhor serve como um lembrete de nossa própria vocação. Somos chamados a ser
transformados pela graça de Deus, a agir como profetas e legisladores em nossas
vidas, e a testemunhar a gloriosa ressurreição de Jesus. Como Moisés, somos
convocados a ser fiéis à lei de Deus e a orientar os outros em seu cumprimento.
Como Elias, somos chamados a ser profetas, proclamando a verdade de Deus
ao mundo.
Que a Transfiguração de Jesus continue a inspirar e orientar
todos aqueles que buscam seguir a Cristo em suas vocações.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 10/08/2024. Opinião. p.18.
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