domingo, 10 de novembro de 2024

A VIDA COM PARKINSON III

Por Lucas Vieira, Rafael Santana, Camila Pontes e Luciana Pimenta, de O Povo (*)

O processo cirúrgico

Em meio a todos esses desafios, Bruno Sofia tomou a decisão de se submeter a um procedimento cirúrgico. Esse processo se dá pela implantação de eletrodos na área do cérebro atingida pela doença, possibilitando a estimulação dessa parte da mente e reduzindo os sintomas da Doença de Parkinson (DP).

O médico Caio Sander, neurocirurgião especializado em cirurgia funcional, e que realizou a cirurgia de Bruno Sofia, relata que antes de saber se o paciente é candidato a cirurgia é preciso uma série de avaliações, como histórico clínico e psicológico, resposta ao uso da levodopa, expectativas ao tratamento, além de exames laboratoriais e cardiológicos para avaliar o risco cirúrgico.

No dia da cirurgia, implantamos um halo na cabeça do paciente sob anestesia local e realizamos uma tomografia computadorizada do crânio. Com o paciente acordado, sob anestesia local, realizamos uma incisão atrás da linha do cabelo quando possível, fazemos um orifício no crânio de cada lado e uma ressonância magnética realizado alguns dias antes da cirurgia”, relata.

O cirurgião afirma que após isso, é implantado alguns eletrodos que estimulam o tecido cerebral para confirmar o local de implante dos eletrodos. Durante o implante, é realizado estímulos elétricos no tecido cerebral que provocam a melhora dos sintomas da DP, confirmando assim a localização dos eletrodos.

Outro ponto positivo é avaliar as respostas adversas que possam surgir com a estimulação. Caso surja, modificamos a trajetória do eletrodo, afastando da estrutura estimulada que provocou o incomodo. Após implantado, retiramos o halo e o paciente é submetido a anestesia geral para colocação do neuroestimulador, semelhante a um marcapasso, e conectá-lo aos eletrodos já implantados”, descreve.

O neurocirurgião relata também que após a cirurgia, o paciente fica um dia na UTI e recebe alta hospitalar com 48 horas em média. Já no pós-operatório, o paciente normalmente apresenta uma leve melhora do Parkinson pela introdução dos eletrodos. “Em todo procedimento cirúrgico existem riscos. Os principais são o sangramento, a infecção e o deslocamento dos eletrodos”, alerta.

A cirurgia é ofertada aos usuários que possuem planos de saúde com direito ao procedimento. No Ceará, o SUS não conta com o serviço credenciado para realizar essa cirurgia. Os pacientes são normalmente inseridos no programa TFD (Tratamento fora do Domicílio), e realizam essa cirurgia pelo SUS em outros estados.

O médico alerta que os pacientes de DP devem fazer um acompanhamento com profissionais de áreas diferentes, como o neurologista para o ajuste periódico das medicações e o fisioterapeuta para trabalhar a motricidade e marcha. Além disso, é preciso à atuação do fonoaudiólogo para estimular a fala e a deglutição, e o terapeuta ocupacional para melhorar a adaptação das atividades do dia a dia.

Quando os sintomas se tornam refratários ou as medicações provocam algum distúrbio ao paciente, o que normalmente acontece por volta dos 5 anos de doença, é necessário realizar uma avaliação com um neurocirurgião especializado em realizar cirurgia de Parkinson”, conclui.

O resultado da cirurgia do jornalista Bruno Sofia foi bastante positivo, e hoje em dia o jornalista consegue conviver com as sequelas deixadas pelo problema e fazer algumas tarefas que lhe dão satisfação.

Hoje, faço alguns estudos sobre inteligência artificial. Principalmente porque existem alguns trabalhos nessa área que podem beneficiar a mim e a outras pessoas. Então, como sempre fui muito curioso, é uma coisa que eu me dedico bastante”, finaliza ele com entusiasmo.

(*) Jornalistas de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/11/2024. Ciência & Saúde. p. 18-19.


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